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Olá Amigos visitantes aqui você vai encontrar uma coletânea de textos retirados de vários site, apostilas e slides do meu curso de neuropsicopedagogia. NÃO DEIXE DE LER O ARTIGO QUAL A DIFERENÇA ENTRE PSICOPEDAGOGIA E NEUROPSICOPEDAGOGIA CLIQUE AQUI |
O CÉREBRO HUMANO
O cérebro
humano é particularmente complexo e extenso. Este é imóvel e representa
apenas 2% da massa do corpo, mas, apesar disso, recebe aproximadamente 25% de
todo o sangue que é bombeado pelo coração. Divide-se em dois hemisférios:
esquerdo e o direito. O seu aspecto se assemelha ao miolo de uma noz. É um
conjunto distribuído de milhares de milhões de células que se estende por uma área de mais de
1 metro quadrado dentro do qual conseguimos diferenciar
certas estruturas correspondendo às chamadas áreas funcionais, que
podem cada uma abranger até um décimo dessa área.
CONHECENDO AS PARTES DO CÉREBRO
Diagrama lateral do cérebro.
O hemisfério dominante em 98%
dos humanos é o hemisfério esquerdo, é responsável pelopensamento lógico e
competência comunicativa. Enquanto o hemisfério direito, é responsável
pelo pensamento simbólico e criatividade, embora pesquisas recentes estejam
contradizendo isso, comprovando que existem partes do hemisfério esquerdo
destinados a criatividade e vice-versa. Nos canhotos as funções estão invertidas. O hemisfério
esquerdo diz-se dominante, pois nele localiza-se 2 áreas especializadas:
a Área de Broca (B), o
córtex responsável pela motricidade da fala, e a Área de Wernicke (W), o
córtex responsável pela compreensão verbal.
O corpo caloso, localiza-se no fundo da fissura inter-hemisférica, ou fissura sagital, é a
estrutura responsável pela conexão entre os dois hemisférios cerebrais. Essa
estrutura, composta por fibras nervosas de cor branca (freixes de axónios envolvidos em mielina), é responsável pela troca de informações entre
as diversas áreas do córtex cerebral.
O córtex motor é responsável pelo controle e coordenação
da motricidade voluntária.
Traumas nesta área causam fraqueza muscular ou até mesmo paralisia. O córtex
motor do hemisfério esquerdo controla o lado direito do corpo, e o córtex motor
do hemisférios direito controla o lado esquerdo do corpo. Cada córtex motor
contém um mapa da superfície do corpo: perto da orelha, está a zona que
controla os músculos da garganta e da língua, segue-se depois a zona dos dedos,
mão e braço; a zona do tronco fica ao alto e as pernas e pés vêm depois, na linha
média do hemisfério.
O córtex
pré-motor é responsável pela aprendizagem motora e pelos movimentos de precisão.
É na parte em frente da área do córtex motor correspondente à boca que reside a
Área de Broca, que tem a ver com a linguagem. A área pré-motora fica mais ativa
do que o resto do cérebro quando se imagina um movimento, sem o executar. Se se
executa, a área motora fica também ativa. A área pré-motora parece ser a área
que em grande medida controla o sequenciamento de ações em ambos os lados do
corpo. Traumas nesta área não causam nem paralisia nem problemas na intenção
para agir ou planear, mas a velocidade e suavidade dos movimentos automáticos
(ex. fala e gestos)fica perturbada. A prática de piano, ténis ou golfe envolve
o «afinar» da zona pré-motora - sobretudo a esquerda, especializada largamente
em atividades sequenciais tipo série.
Cabe ao córtex do cerebelo, fazer a coordenação geral da motricidade,
manutenção do equilíbrio e postura corporal. O cerebelo representa cerca de 10%
do peso total do encéfalo e contém mais neurônios do que os dois
hemisférios juntos.
O eixo formado pela adeno-hipófise e o hipotálamo, são responsáveis pela auto regulação do
funcionamento interno do organismo. As funções homeostáticas do organismo (função
cárdio-respiratória, circulatória, regulação do nível hídrico, nutrientes,
da temperaturainterna,
etc) são controladas automaticamente.
Os Lobos Cerebrais:
A) Lobo frontal
B) Lobo parietal
C) Lobo temporal
D) Lobo occipital
No cérebro há uma distinção
visível entre a chamada massa cinzenta e a massa branca, constituída pelas fibras (axónios) que
entreligam os neurónios. A substância cinzenta do cerebro, o córtex cerebral, é constituído corpos
celulares de dois tipos de células: as células de Glia - também chamadas
de neurôglias - e
os neurônios. O córtex
cerebral humano é um tecido fino (como uma membrana) que tem uma espessura
entre 1 e 4 mm e uma estrutura laminar formada por 6 camadas distintas de
diferentes tipos de corpos celulares de neurônios. Perpendicularmente às
camadas, existem grandes neurônios chamados neurônios piramidais que ligam as
várias camadas entre si e representam cerca de 85% dos neurônios no córtex. Os
neurônios piramidais estão entreligados uns aos outros através de ligações
excitatórias e pensa-se que a sua rede é o «esqueleto» da organização cortical.
Podem receber entradas de milhares de outros neurônios e podem transmitir
sinais a distâncias da ordem dos centímetros e atravessando várias camadas do
córtex. Os estudos realizados indicam que cada célula piramidal está ligada a
quase tantas outras células piramidais quantas as suas sinapses (cerca de 4
mil); o que implica que nenhum neurônio está a mais de um número pequeno de
sinapses de distância de qualquer outro neurônio no córtex.
Embora até há poucos anos se
pensasse que a função das células de Glia é essencialmente a de nutrir, isolar
e proteger os neurônios, estudos mais recentes sugerem que os astrócitos podem ser tão críticos para certas funções
corticais quanto os neurônios.
As diferentes partes do córtex
cerebral são divididas em quatro áreas chamadas de lobos
cerebrais, tendo cada uma funções diferenciadas e especializadas. Os lobos
cerebrais são designados pelos nomes dos ossos cranianos nas suas proximidades
e que os recobrem. O lobo frontal fica localizado na região da testa;
o lobo occipital, na região
da nuca; o lobo parietal, na parte
superior central da cabeça; e os lobos temporais, nas regiões laterais
da cabeça, por cima das orelhas.
Os lobos parietais, temporais
e occipitais estão envolvidos na produção das percepções resultantes daquilo
que os nossos órgãos sensoriais detectam no meio exterior e da informação que
fornecem sobre a posição e relação com objetos exteriores das diferentes partes
do nosso corpo.
Lobo
Frontal - O lobo frontal, que inclui o córtex motor e pré-motor e
o córtex pré-frontal, está envolvido no
planejamento de ações e movimento, assim como no pensamento abstrato. A
atividade no lobo frontal aumenta nas pessoas normais somente quando temos que
executar uma tarefa difícil em que temos que descobrir uma sequência de ações
que minimize o número de manipulações necessárias. A parte da frente do lobo
frontal, o córtex pré-frontal, tem que ver com estratégia:
decidir que sequências de movimento ativar e em que ordem e avaliar o seu
resultado. As suas funções parecem incluir o pensamento abstrato e criativo, a
fluência do pensamento e da linguagem, respostas afetivas e capacidade para
ligações emocionais, julgamento social, vontade e determinação para ação e
atenção seletiva. Traumas no córtex pré-frontal fazem com que uma pessoa fique
presa obstinadamente a estratégias que não funcionam ou que não consigam
desenvolver uma sequência de ações correta.
Os lobo occipital estão localizados na
parte póstero-inferior do cérebro. Coberta pelo córtex cerebral, esta área é também designada
por córtex visual, porque processa os estímulos visuais. É constituida por
várias sub áreas que processam os dados visuais recebidos do exterior depois de
terem passado pelo tálamo: há zonas especializadas em processar a visão da cor, do movimento, da profundidade, da distância, etc. Depois
de percebidas por esta área - área visual primária- estes dados
passam para a área visual secundária. É aqui que a informação
recebida é comparada com os dados anteriores que permite, por exemplo, identificar
um cão, um automóvel, uma caneta. A área visual comunica com outras areas
do cérebro que
dão significado ao que vemos tendo em conta a nossa experiencia passada, as
nossas expectativas. Por isso é que o mesmo objeto nao é percepcionado da mesma
forma por diferentes sujeitos. Para além disso, muitas vezes o cérebro é
orientado para discriminar estímulos. Uma lesão nesta área provoca agnosia, que
consiste na impossibilidade de reconhecer objetos, palavras e, em alguns casos,
os rostos de pessoas conhecidas ou de familiares.
Os lobos temporais estão localizados na
zona por cima das orelhas tendo como principal função processar os estímulos
auditivos. Os sons produzem-se quando a área auditiva primária é
estimulada. Tal como nos lobos occipitais, é uma área de associação - área
auditiva secundária- que recebe os dados e que, em interação com outras
zonas do cérebro, lhes atribui um significado permitindo ao Homem reconhecer o
que ouve.
Os lobos parietais, localizados na parte
superior do cérebro, são
constituidos por duas subdivisões - a anterior e a posterior. A zona anterior designa-se por córtex
somatossensorial e tem por função possibilitar a recepção de sensações, como o tato, a dor, atemperatura do
corpo. Nesta área primária, que é responsavel por receber os estimulos que têm
origem no ambiente, estao
representadas todas as áreas do corpo. São as zonas mais sensiveis que ocupam
mais espaço nesta área, porque têm mais dados para interpretar. Os lábios, a língua e a garganta recebem um grande número de estímulos,
precisando, por isso, de uma maior área. A área posterior dos lobos parietais é
uma área secundária que analisa, interpreta e integra as informações recebidas
pela área anterior ou primária, permitindo-nos a localização do nosso corpo
no espaço, o reconhecimento dos objetos através do tato, etc.
Área de
Wernicke é na zona onde convergem os
lobos occipital, temporal e parietal que se localiza a área de Wernicke, que
desempenha um papel muito importante na produção de discurso. É esta área que
nos permite compreender o que os outros dizem e que nos faculta a possibilidade de organizarmos as palavras sintaticamente corretas.
Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9rebro_humano
Neuropsicopedagogia Clínica
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Na atualidade, o conceito de Neuropsicopedagogia
provém de formulações feitas por outros países, pois em consulta aos
dicionários brasileiros, ainda não é possível encontrar esta terminologia;
sendo assim, o portal mexicano de Psicopedagogia, voltado para definições de
conceitos a cerca das ciências, tendo como referência o Dr Alberto Montes de
Oca Tamez (2006), PhD em Neurociência, define a Neuropsicopedagogia como:
... um exercício de trabalho
interdisciplinar sobre o processamento de informações e modularidade da mente
em termos de Neurociência Cognitiva, Psicologia, Pedagogia e Educação, que
ocorre na formação multidisciplinar de profissionais voltados à área
educacional. O neuropsicopedagogo deve ter amplo conhecimento dos diferentes
modelos, teorias e métodos de avaliação, planejamento, currículo dos diferentes
níveis de ensino. Além disso, deve ter amplo conhecimento da base
neurobiológica do comportamento psico-educacional e da reabilitação
neurocognitiva tanto em crianças, adolescentes, sujeitos idosos e pessoas com
necessidades especiais. (tradução minha [2])
No mesmo ano que TAMEZ elabora esta definição de
Neuropsicopedagogia, Suárez publicou um artigo intitulado “Desmitificación de
La Neuropsicopedagogía”, sendo que o mesmo traz toda evolução histórica da
Neuropsicopedagogia, constituindo-se assim um documento importante dentro dessa
área de conhecimento. Suárez (2006 apud De La Peña 2005), no transcorrer de seu
trabalho científico nos traz essa importante contribuição:
A Neuropsicopedagogia agrega os
conhecimentos da Psicologia e Neuropsicologia, compreendendo o funcionamento
dos processos mentais superiores (atenção, memória, função executiva,....) de
explicações psicológicas e instruções pedagógicas tem como objetivo fornecer
uma estrutura de conhecimento e de ação para a descrição completa: o
tratamento, explicação e valorização do ensino - aprendizagem que ocorrem ao
longo da vida do aluno, promovendo uma educação integral com impacto além da
escola e o período de tempo e tipo de aprendizagem estabelecido como válido.
(tradução minha [3])
No Brasil a Especialização em Neuropsicopedagogia é
muito recente, mas em países tais como Espanha, através da Universidade de
Girona, o curso de Mestre em Diagnóstico e Intervenção Neuropsicopedagógica irá
para sua 14ª edição e em Barcelona ocorrerá a 5ª edição. Nestes dois municípios
também constam o curso em Especialização em Neuropsicopedagogia Clínica na
modalidade à distância.
Na Colômbia, através da Universidade de Manizales,
desde 2007 já se tem notícias de especializações nesta área. Inclusive numa das
páginas do site desta Universidade, a Neuropsicopedagogia é citada da seguinte
maneira:
...um campo interdisciplinar de ação, em que as
contribuições da Psicologia e Neuropsicologia permitem uma maior compreensão
dos processos de ensino-aprendizagem proporcionando ao ser humano melhores
condições educacionais e sociais. Partindo de uma reflexão conceitual
particular, disciplinar, social e cultural no processo de aprendizagem escolar,
exigindo uma abordagem que não pode ser concebida através da fragmentação do
indivíduo, mas a partir da necessidade de análise crítica de fenômenos
complexos que influenciam e afetam a capacidade de aprender e suas demandas
clínicas e educacionais. A Neuropsicopedagogia está se tornando uma prioridade,
através da integração de diferentes abordagens e colaboração de várias
disciplinas que ampliam a compreensão e as estratégias de intervenção clínica e
/ ou educacional, obtendo assim respostas práticas, conceituais e
metodológicas. (tradução minha [4])
No Brasil, por volta do ano 2007, surgem
relatos de um trabalho, a nível de mestrado, intitulado “A avaliação
neuropsicopedagógica de crianças surdas: O estudo dos processos corticais
simultâneos de sucessivos, visuo-motores e verbais, através de testes
neuropsicológicos”. O presente trabalho promovido pelo Laboratório de
Neuropsicologia Cognitiva e Neurociências da Surdez do INES (NEUROLAB – INES)
em parceria com o Centro de Informação das Nações Unidas (UNIC Rio) e com o
NCE-LABASE-UFRJ apresentava várias linhas de pesquisa tendo como base o
desenvolvimento de dez plataformas computadorizadas. A metodologia consistia em
“um conjunto de mil jogos neuropsicopedagógicos e metacognitivos, construídos
de acordo com um modelo lúdico isomórfico às funções mentais superiores e aos
sistemas de processamento da consciência”, porém o objetivo era oferecer meios
que facilitassem o desenvolvimento cognitivo-linguístico de crianças com
deficiência, patologias ou atrasos no desenvolvimento, através da ludicidade e
da informática. Este projeto na área tecnológica contribuiu e muito para o
processo de inclusão utilizando dos conhecimentos neurocientíficos, sendo que
uma das colaboradoras do projeto menciona a Neuropsicopedagogia como uma área
que:
...estuda
a interação entre o cérebro, a mente e o aprendizado, possibilitando, através
de métodos rigorosamente científicos, o planejamento de intervenções precisas
que promovam o desenvolvimento de sujeitos epistêmicos. (MARQUES, 2008, p.11)
Em 2009, percebendo a necessidade de um curso que
resgatasse as interfaces do cérebro e do desenvolvimento humano, a Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul, apresenta como curso de extensão,
na condição de Educação à Distância, o curso “Desenvolvimento
Neuropsicopedagógico: Contribuições das Neurociências para a Educação”.
Para referido evento, consta na apresentação do curso o conceito de
Neuropsicopedagogia, entendida como:
...contribuições
da neurociência no processo de ensino e aprendizagem, como uma possibilidade de
aproximar as descobertas sobre as funções cerebrais que interferem na cognição
e como podemos explorar determinadas características do funcionamento cerebral
em diferentes contextos de ensino. [...] visa discutir o desenvolvimento
neurológico, a plasticidade cerebral e alguns desvios a fim de repensar
estratégias e recursos que possam interferir de modo positivo nos processos de
desenvolvimento humano, aprendizagem e ensino. (PUCRSVIRTUAL, 2009)
E nesta linha de concepção Krug (2011 apud
Rodrigues 1996, p.40) apresenta o conceito de Neuropsicopedagogia com as
seguintes palavras:
Abordagem
neurológica de distúrbios e de incapacidades de aprendizagem. A
Neuropsicopedagogia é de grande utilidade para o psicopedagogo clínico, pois
possibilita o diagnóstico de processos anormais na estrutura, na organização e
no funcionamento do sistema nervoso central, por meio de testes de avaliação
neuropsicológica, aplicáveis a indivíduos portadores de problemas de
aprendizagem.
Pode-se perceber que a terminologia
Neuropsicopedagogia, apesar de não estar explicita em nenhum dos dicionários já
vem sendo utilizada no contexto brasileiro. Nos estados do sul do Brasil,
universidades tais como: PUC e UFRGS apresentam como disciplina nos cursos de
graduação, voltados a Pedagogia, os Estudos Neuropsicopedagógicos, os quais
Forner (2009, p71-72) faz a seguinte referência:
No nível
I, a disciplina Estudos Neuropsicopedagógicos chama a atenção, por enfatizar
aspectos que contemplam as ideias do estudo. Eis a sua ementa: Estudo do
desenvolvimento humano na perspectiva da genética e da Neuropsicopedagogia,
aproximando estes saberes com foco nas bases biológicas da aprendizagem, na
busca de melhores formas de ensinar e de aprender. Os objetivos da
disciplina convertem para a real necessidade de os futuros professores
reconhecerem as dificuldades de aprendizagem de seus alunos, bem como as
possíveis alternativas de trabalho. Isto é, terem subsídios para planejamento
que atenda às demandas que surgem nas salas de aula. A disciplina se propõe a
fazer com que os estudantes de Pedagogia conheçam o funcionamento neural, o
desenvolvimento neuropsicológico, desde a concepção até a morte, destacando a
neuroplasticidade, bem como as bases biológicas e influência do uso de drogas
pelos pais de crianças, bases neurológicas da entrada, processamento e saída da
visão, audição, tato, movimento e atenção. A partir desses conhecimentos,
enfim, busca contribuir para que os professores possam realizar as
intervenções, considerando aspectos do desenvolvimento normal e das dificuldades
de aprendizagem.
O grande avanço da Neuropsicopedagogia no Brasil se
deu através do Centro Sul Brasileiro de Pesquisa e Extensão - CENSUPEG. Dentro
deste contexto educacional os profissionais da Neuropsicologia Clínica
são capacitados para:
• Compreender o papel do cérebro do ser humano em
relação aos processos neurocognitivos na aplicação de estratégias pedagógicas
nos diferentes espaços da escola, cuja eficiência científica é comprovada pela
literatura, que potencializarão o processo de aprendizagem.
• Intervir no desenvolvimento da linguagem,
neuropsicomotor, psíquico e cognitivo do indivíduo.
• Adquirir clareza política e pedagógica sobre as
questões educacionais e capacidade de interferir no estabelecimento de novas
alternativas neuropsicopedagógicas e encaminhamentos no processo educativo.
• Compreender e analisar o aspecto da inclusão de
forma sistêmica, abrangendo educandos com dificuldades de aprendizagem e
sujeitos em risco social.
Dessa forma, na releitura das citações anteriores
pode-se afirmar que a Neuropsicopedagogia apresenta-se como um novo campo de
conhecimento que através dos conhecimentos neurocientíficos, agregados aos
conhecimentos da pedagogia e psicologia vem contribuir para os processos de
ensino-aprendizagem de indivíduos que apresentem dificuldades de aprendizagem.
A partir do ano de 2011, mais centros educativos tem ofertado este curso, que é
o caso da UNOPAR- Universidade Norte do Paraná e da CEEDI (Centro de Excelência
em Educação Integrado – Balneário Camboriú, SC).
2. OBJETIVOS
DO ESTÁGIO CLÍNICO
O estágio clínico apresenta-se como um elemento
indispensável que proporciona aprendizagens significativas reforçando a
importância do olhar Neuropsicopedagógico, que pautado na aprendizagem do
indivíduo e na estimulação das áreas “debilitadas”, visará o intercâmbio das
produções teóricas apreendidas na Pós-Graduação através das práticas ofertadas.
O enfoque Neuropsicopedagógico ainda carece de
bibliografia com mais efetivo reconhecimento científico, entretanto ressalto as
palavras de Andrade (1998, p.40) ao contextualizar a Psicopedagogia Clínica e
enfatizo que a Neuropsicopedagogia Clínica contempla esta mesma prática,
A
Psicopedagogia Clínica não é uma prática confinada a consultórios particulares.
Ela é muito mais uma maneira de olhar o processo ensino/aprendizagem, maneira
esta que não se limita ao sintoma, mas busca as causas deste sintoma. Desta
forma sua prática tanto pode se dar no consultório particular, como na escola
ou no hospital.
O estágio neuropsicopedagógico vem trazer um novo
olhar sobre as dificuldades de aprendizagem, uma visão neurocientífica,
contemplando o que Chedid (2007, p.298) já escrevia a cerca da neurociência no
contexto educativo,
Para a
sala de aula, para a educação, as Neurociências são e serão grandes aliadas,
identificando cada ser humano como único e descobrindo a regularidade, o
desenvolvimento, o tempo de cada um. [...] Em pleno século XXI, nos deparamos
com outras formas de informação além do letramento formal, é necessário
conhecer e ensinar outras linguagens que dão acesso a informações
imprescindíveis para a comunicação. [...] precisamos conhecê-las e entender as
modificações que estão ocorrendo, olhar estes cérebros para saber como eles
funcionam e determinar mudanças em como ensiná-los.
Dentro da mesma estrutura proposta por Chedid, a
Universidade de Manizales(2007), citada anteriormente, classifica o estágio de
Neuropsicopedagogia como forma de consolidar equipes interdisciplinares
alavancando assim as competências e habilidades cognitivas, emocionais e
aspectos sociais procurando aprofundar o teórico com a pergunta, com a prática
mas ao mesmo tempo praticar os aspectos transcendentais, clínicos e
educacionais, relacionados a cada tipo de experiência e na individualidade de
cada caso.
3 O
PAPEL DO NEUROPSICOPEDAGOGO NA INSTITUIÇÃO ESCOLAR
Socialização das crianças por meio de sua
participação e inserção nas mais diversificadas práticas sociais é o objetivo
de qualquer ambiente educativo. É na escola em que a inserção das crianças nos
grupos podem ser avaliadas e onde elas podem ser comparados com seus pares, com
seu grupo etário e social. Com preparo e sensibilidade, o professor, melhor do
que qualquer outro profissional está preparado para detectar problemas cruciais
na vida de toda e qualquer criança que por ele passar. Entretanto, o ato de
educar e incluir não são atos solitários, eles necessitam de parcerias, de
trocas, de profissionais que percebam cada indivíduo nos mais diferentes modos
de ser e estar no grupo, enfim uma equipe multidisciplinar.
A inclusão no contexto educativo traz como metáfora
um diamante (Figura 1), ele tem diferentes lados; é “multifacetado”. Muitos, ao
contemplar um diamante, percebem somente o seu brilho, outros percebem somente
sua superfície, alguns voltam seus olhos para a profundidade, mas há aqueles
que têm a visão mais ampla, observam as “multifacetas” (brilho, superfície,
profundidade, fragilidade e por ai a diante). Isso é um trabalho
multidisciplinar, um trabalho de equipe onde cada um na sua especialidade
consegue ver focos diferentes dentro de um mesmo contexto e por consequência
disso, o brilho final aparece reluzindo o trabalho de todos.
Figura 1- Inclusão é como um diamante. Existem vários ângulos pelos
quais se podem perceber o mesmo indivíduo.
Percebendo a importância do psicopedagogo na
instituição escolar, mas acompanhando as novas descobertas neurocientíficas, DEWEY (1943) já fazia relatos de aprendizagem
comunitária, ele preocupava-se com o isolamento escolar da vida comunitária
típica e com a rotina natural da aprendizagem na sala de aula, e pregou a
utilização do trabalho e das atividades comunitárias como o foco de
aprendizagem. Fazendo isso, Dewey exigia que as escolas unissem as crianças e
criassem oportunidades para a aprendizagem por meio da ação e de
relacionamentos de apoio mútuo. Assim como na sociedade, a escola também
necessita ser remodelada para que as pessoas tenham cada vez mais
relacionamentos interpessoais, trocas entre os diferentes profissionais, ter
uma visão de que se faz necessário profissionais que tenham conhecimentos
neurocientíficos, pois a vida está se reciclando, a cada dia novos
conhecimentos vem surgindo, a neurociência a cada dia mais vem abrindo seu espaço.
A atuação do neuropsicopedagogo na instituição
escolar contribui para que se desenvolvam metodologias que abordam as várias
barreiras para aprendizagem apresentadas pelas crianças no ambiente escolar,
procurando ligar vários intervenientes deste processo, tais como: pais,
professores e colaboradores que juntos almejam uma melhoria significativa no
desempenho acadêmico, social e emocional da criança.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
O estágio sempre é um contexto desafiador, nos faz
provocações daquilo sabemos, do que não sabemos e do que necessitamos buscar. É
o elo entre nossas teorias e nossas práticas. SAVIANI (2003) em muitos de seus
textos referiu-se à curvatura da vara. E o estágio é isso, é a busca do
equilíbrio dessa curvatura, não tanto a um extremo, nem tanto ao outro. É um
relembrar de tudo que se aprendeu, um perceber que através da observação muito
se aprende e um refletir sobre o que pode ser feito a partir disso.
Discorrendo sobre as palavras de Chedid (2007, p.
300) falando do enfoque neurocientífico na educação, transcrevo as seguintes
palavras:
Os alunos
de hoje merecem uma educação exemplar baseada na atual investigação sobre o
cérebro. Isto não pretende sugerir que tudo o que os professores e as escolas
fizeram até aqui estava errado, mas sim, que temos uma nova informação, baseada
na própria biologia da aprendizagem do cérebro, que pode melhorar a educação.
Como o cérebro processa a informação que recebe, como ocorre o registro
sensório, como funciona a memória, como os ritmos biológicos afetam o aprender
e o ensinar são algumas das perguntas que nos fazemos e que já começa a ter
delineadas suas respostas pelas Neurociências. Quem compreende o processo de
aprender como uma atividade deve pensar nas condições essenciais para que esta
atividade seja otimizada. Precisamos iniciar uma discussão entre professores e
psicopedagogos sobre a necessidade de uma visão neurocientífica em nossa ação.
Muito bem explanado por Chedid, uma das primeiras
propostas da necessidade da Neuropsicopedagogia, pois conforme a autora se faz
necessária a visão neurocientífica dentro da ação pedagógica e psicopedagógica.
E foi dentro dessa linha de pensamento que esse estágio teve como proposta.
Estudos e intervenções no campo da
Neuropsicopedagogia ainda necessitam conquistar espaços, mas aos poucos vem
abrindo caminhos e sutilmente vem aparecendo em citações bibliográficas, tais
como as de Cavasotto e Chagas (2011, p.172) ao falar sobre vivências no
atendimento pedagógico: “Estudos da neurociência têm confirmado e destacado a
importância do ambiente para o desenvolvimento neuropsicopedagógico”.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Aplicação Prática para Diagnóstico em Distúrbios de Aprendizado. São Paulo:
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BARBOSA, Laura M. S. Intervenções Psicopedagógicas no espaço da
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DENADAI, Rafael et al. Transtornos de aprendizagem e alteração
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FORNER, Viviane B. Corpo, Escola e Vida: O uso do corpo, o movimento
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KRUG, Clarice L. O cérebro se transforma quando aprendemos. In.
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LUNDY-EKMAN, Laurie. Neurociência: Fundamentos para a
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MARQUES. Carla V. M. A avaliação neuropsicopedagógica de crianças
surdas: O estudo dos processos corticais simultâneos de sucessivos,
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Acesso em 23/06/2012
NOGUEIRA, Makeliny O. G. Psicopedagogia Clínica: caminhos
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OLIVEIRA, Mari Angela C. Psicopedagogia: a instituição
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PÁDUA. Elisabete M. M. Metodologia da pesquisa: abordagem
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RODRIGUES, Roberto. In: REVISTA CAESURA. Pelotas: Universidade
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SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia: teorias da educação,
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SUÁREZ, Jennifer Delgado. Desmitificación de La Neuropsicopedagogía.
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TAMEZ, Alberto M. O. Definicion de Neuropsicopedagogía.
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UNIVERSIDAD DE MANIZALES. Especialización em Neuropsicopedagogía Colômbia,
Universidade de Manizales, 2007. Disponível online em <http://www.umanizales.edu.co/docencia/especializaciones/esp_neuro/esp_neuro.html>
Acesso em 17/06/2012
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Fim de Post |
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A ESPECIALIZAÇÃO EM NEUROPSCIOPEDAGOGIA
Como já havia mencionado em outra postagem, tudo
que se relacione a Neuropsicopedagogia, venho trazendo para cá para que conste
como referencial de pesquisa para acadêmicos desta área. Portanto, na revista
InformAção, de setembro de 2012, editada pela IERGS (Instituto Educacional do
Rio Grande do Sul), página 2, consta uma nota de Destaque sobre a
Neuropsicopedagogia, a qual transcrevo abaixo:
Em meio aos debates sobre a
educação inclusiva, um profissional vem sendo cada vez mais procurado por
instituições que objetivam oferecer educação de qualidade para crianças e
adolescentes com alguma deficiência cognitiva: o neuropsicopedagogo. Aliado a
psicopedagogia à neurociência, este especialista possui conhecimento amplo das
bases neurológicas do aprendizado e do comportamento, facilitando assim seu
estímulo nos diversos contextos e, consequentemente, o sucesso no processo
educacional.
A especialização em
neuropsicopedagogia é destinada a profissionais que desejam ampliar as
dificuldades de aprendizagem, buscando assim o entendimento da complexidade do
ato de aprender. Segundo Fernanda Garcia Perez, especialista em
neuropsicologia, a neurociência permite investigar as funções do cérebro:
linguagem, atenção, memória de curto prazo, memória de longo prazo, condutas
motoras, funções executivas, cognição, além dos aspectos emocionais. “Ela
fornece dados objetivos e formula hipóteses sobre o funcionamento cognitivo,
atuando como auxiliar na tomada de decisões, fornecendo dados que contribuam
para as escolhas de tratamento”, afirma ela.
O neuropsicopedagogo é o
profissional mais capacitado para intervir e reabilitar as funções
neurofuncionais alteradas, para que assim seja alcançado o sucesso no processo
educacional, conforme Fernanda. Com seu conhecimento em relação às dimensões
neurológicas, psicológicas e cognitivas do sujeito, bem como os aspectos
afetivos e culturais em que está inserido, esse especialista é capaz de desenvolver
um trabalho de acompanhamento mais eficaz, proporcionando assim um processo de
aprendizagem eficiente.
Compreender o cérebro da criança ou do adolescente e e seus
processos cognitivos colabora na intervenção, quando necessária, no
desenvolvimento linguístico, psicomotor, psíquico e cognitivo destes,
estabelecendo, dessa maneira, alternativas no processo educativo para que se
tornem possíveis a inclusão e o aprendizagem das crianças com deficiência.
Contudo, é importante ressaltar que essa inclusão só acontece quando há um
trabalho conjunto de toda uma equipe multidisciplinar, formada por
profissionais que atuam coletivamente para que esses processo aconteça de forma
tranquila e segura, respeitando, desse modo, as limitações de cada indivíduo.
Neuropsicopedagogia: novas perspectivas para a aprendizagem
Ana Lúcia
Hennemann / Outubro_2012
RESUMO: Este artigo apresenta como proposta refletir sobre
a Neuropsicopedagogia e suas perspectivas para o ensino aprendizagem. Será
feito um breve relato do histórico da Neurociência, sua relação com a
Neuropsicopedagogia e o trabalho do neuropsicopedagogo. O embasamento teórico
se dará através de livros e artigos científicos visando à boa qualidade
bibliográfica, bem como uma pesquisa de campo, qualitativa, investigando do
conhecimento ou não da Neuropsicopedagogia no contexto educativo. As
considerações finais irão contemplar um comparativo entre os referenciais
teóricos e a pesquisa de campo.
PALAVRAS-CHAVE: Aprendizagem. Educação. Neurociências. Neuropsicopedagogia.
INTRODUÇÃO
Novo século, novas mudanças, novos desafios,
não se pode olhar mais a educação com uma perspectiva de educação inclusiva,
pois ela já está inserida neste contexto. Nossos olhares devem se voltar em
como atender melhor a todos os indivíduos dentro do ambiente escolar, através
de práticas de ensino que melhor se adequam a cada um. Ter
a clareza que os conteúdos são comuns a todos, mas a metodologia de trabalho
deve estar pautada em práticas que contemplem o indivíduo como seres únicos,
capazes de aprender independente de suas limitações.
A educação, mesmo que num primeiro olhar não
pareça, sempre está ligada a mudanças, a reorganizações, a reaprendizagens, a
novos olhares. Na mesma proporção que o mundo vem se transformando, a educação
também se encontra em constantes buscas. Os cursos voltados à área educacional
têm significativos avanços; profissionais da área buscam, na medida do
possível, constantes atualizações. A educação continuada destes indivíduos cada
vez mais tem se intensificando, pois não basta apenas ter o conhecimento, se
faz necessário profissionais que saibam interagir com o mesmo.
Um dos grandes referenciais da mudança educacional
da última década, não traz nenhum nome de teórico específico, mas sim, está
pautado nos avanços neurocientíficos, representados pela palavra
“Neurociências”, que conforme Herculano-Houzel (2004), ainda é uma ciência
nova, tendo em torno de 150 anos, mas que a partir da década de 90 alcançou um
maior auge e vem proporcionando mudanças significativas na forma de perceber o
funcionamento cerebral. Estes avanços ocorreram devido a neuroimagem, ou seja,
o imageamento do cérebro. As contribuições
provindas das Neurociências despertaram interesse de vários seguimentos e entre
estes a Educação, no sentido da maior compreensão de como se processa a
aprendizagem em cada indivíduo.
Para maior entendimento deste processo, se faz
necessário que os profissionais envolvidos tenham bem claro que as ações
comportamentais de seus educandos provêm de atividades cerebrais dinâmicas e
que os conhecimentos das neurociências contribuem para que sejam elaboradas
atividades que desenvolvam tais funções. Dentro dessa abordagem, se procurará
mostrar o que é Neurociências, suas possíveis contribuições para a área
educacional, bem como a contextualização da Neuropsicopedagogia e sua relação
com o processo ensino-aprendizagem.
1.
Neurociências
Imagem: BEAR, 2008
|
Entender o funcionamento cerebral faz parte de um
processo que vem de longas datas. Há cerca de 7.000 anos já havia indícios de
trepanações, processo pelo qual as pessoas faziam orifícios no crânio de
outras. Bear (2008) menciona que estes crânios não apresentavam sinais de cura,
então esse procedimento era realizado em sujeitos vivos e não era considerado
um ritual de morte, pois em alguns casos os indivíduos sobreviviam. Não havia
registro do motivo destas cirurgias, mas existem especulações que tal
procedimento poderia ter sido utilizado para tratar dores de cabeça ou
transtornos mentais.
Durante séculos muitos estudos foram realizados
para entender o funcionamento do cérebro, entretanto nomes tais como dos
frenologistas[1] Franz Joseph Gall e J. G
Spurzheim (entre 1810 e 1819) e o neurologista John Hughlings Jackson,
fizeram significativos avanços proporcionando que Paul Broca e Carl Wernicke
chegassem as localizações da área de Broca e de Wernicke. Cabe ressaltar que as
descobertas de Broca ocorreram em 1861 e as de Wernicke em 1876, e ambos
tiveram seus estudos pautados em pacientes lecionados e vivos, onde Gazzaniga
(2006, p.23) enfatiza a importância destas descobertas, pois na atualidade isso
já não é mais novidade para profissionais voltados às áreas neurocientíficas,
mas
... há
pouco mais de 100 anos, as descobertas de Broca e Wernicke fizeram “tremer a
Terra”. Filósofos, médicos e os primeiros psicólogos assumiram um ponto de
partida fundamental: doenças focais causam déficits específicos. Naquela época,
os investigadores eram limitados em sua habilidade para identificar as lesões
dos pacientes. Os médicos podiam observar o local do dano – por exemplo, uma
lesão penetrante provocada por uma bala -, mas eles tinham que esperar o
paciente morrer para determinar o local da lesão. A morte podia levar meses ou
anos, e, em alguns casos, geralmente não era possível realizar a observação: o
médico perdia contato com o paciente após sua recuperação, e, quando este
finalmente morria, o médico não era informado e assim não podia examinar o
encéfalo e correlacionar a lesão cerebral com os déficits de comportamento da
pessoa.
Porém, o entendimento maior se deu através dos
estudos de Luria. Alexander Romanovich Luria
(1901–1978), durante a Segunda Guerra Mundial, desenvolveu estudos com
indivíduos portadores de lesão cerebral, no qual catalogou cada paciente,
mapeou as respectivas lesões cerebrais e anotou as alterações no comportamento,
tendo como objetivo específico o estudo das bases neurológicas do comportamento.
Estes estudos, de certa forma simbolizaram um elo entre a psicologia e a
neurociência, denominada neuropsicologia.
Através disso Luria constatou que o cérebro humano
é composto por três unidades funcionais básicas, sendo estas, necessárias para
qualquer tipo de atividade mental.
A primeira unidade funcional é responsável
para regular o tônus cortical, a vigília e os estados mentais e é composta pela
formação reticular e pelo tronco encefálico.
A segunda unidade funcional, que é
responsável por receber, processar e armazenar as informações, que se compõe
das partes posteriores do cérebro (lobo parietal, occipital e temporal).
A terceira é a unidade para programar,
regular e verificar a atividade mental, constituindo-se pelas partes anteriores
do cérebro (lobo frontal).
Dessa forma, evidenciando as importantes
contribuições de Luria no processo ensino aprendizagem Tabaquim (2003, p. 91)
destaca que:
O cérebro
é o órgão privilegiado da aprendizagem. Conhecer sua estrutura e funcionamento
é fundamental na compreensão das relações dinâmicas e complexas da
aprendizagem. Na busca pela compreensão dos processor de aprendizagem e seus
distúrbios, é necessário considerar os aspectos neuropsicológicos, pois as
manifestações são, em sua maioria, reflexo de funções alteradas. As disfunções
podem ocorrer em áreas de input (recepção do estímulo), integração
(processamento da informação) e output (expressão da resposta). O
cérebro é o sistema integrador, coordenador e regulador entre o meio ambiente e
o organismo, entre o comportamento e a aprendizagem.
Assim como cada ser humano tem impressões digitais
diferentes, também possui sinapses cerebrais diferentes, pois cada um tem suas
vivências, o seu aprender do mundo e com o mundo. E nesse sentido Ventura
(2010, p.123), ao retratar sobre a neurociência e comportamento no Brasil,
enfatiza que a mesma possui uma importante interface com a Psicologia e a
define do seguinte modo:
A
neurociência compreende o estudo do sistema nervoso e suas ligações com toda a
fisiologia do organismo, incluindo a relação entre cérebro e comportamento. O
controle neural das funções vegetativas – digestão, circulação, respiração,
homeostase, temperatura-, das funções sensoriais e motoras, da locomoção,
reprodução, alimentação e ingestão de água, os mecanismos da atenção e memória,
aprendizagem, emoção, linguagem e comunicação, são temas de estudo da
neurociência.
Faz-se necessário destacar que a neurociência pode
ajudar muito a todos indivíduos, mas especialmente aqueles com transtornos, síndromes
e dificuldades de aprendizagem uma vez que se tem o entendimento da
plasticidade cerebral, da busca de novos caminhos para o aprender, das
múltiplas inteligências propostas por Gardner.
2.
Neuropsicopedagogia
Entender a conexão cérebro x aprendizagem, proposta
a partir do conhecimento da Neurociência, apresenta-se como um dos assuntos
mais procurados e um dos grandes desafios educativos. Entretanto, considerando
que a neurociência é uma ciência nova, pode-se dizer que: a interface cérebro x
aprendizagem necessita de muito investimento científico, mas são profissionais
das mais diversas áreas que tem voltado seus estudos para este enfoque.
Conforme estudos de Tokuhama-Espinosa (2008, apud Zaro, 2010, p. 205), demonstraram
que:
...enquanto
milhares de estudos foram devotados para explicar vários aspectos da
neurociência (como animais incluindo humanos, aprendem), apenas uns poucos
estudos neurocientíficos tentaram explicar como os humanos deveriam ser
ensinados, para maximizar o aprendizado. (...) das centenas de dissertações
devotadas ao ‘ensino baseado no cérebro’, ou ‘métodos neurocientíficos de
aprendizado’, nos últimos cinco anos, a maioria documentou a aplicação destas
técnicas, ao invés de justificá-las.”
Uma das áreas que vem abrindo espaço dentro âmbito
de conhecimento é a Neuropsicopedagogia. Sua primeira descrição no campo
científico se deu através de Jennifer Delgado Suárez, no artigo intitulado
“Desmistificacion de la neuropsicopedagogía” onde apresentou uma composição
histórica da trajetória neuropsicopedagógica e ressaltou sua importância para o
contexto educativo.
FERNANDEZ (2010) aponta para três pontos
elucidativos da Neuropsicopedagogia, abordada por Suárez: 1º Educação; 2º
Psicologia e 3º Neuropsicologia. Educação no intuito de promover a instrução, o
treinamento e a educação dos cidadãos. A Psicologia com os aspectos
psicológicos do indivíduo. E, finalmente, a Neuropsicologia com a teoria do
cérebro trino, sendo que aqui oportunizou a teoria das múltiplas inteligências,
propostas por Gardner.
Conforme as autoras colombianas, a
Neuropsicopedagogia traz importantes contribuições à educação, pois existe a
possibilidade de se perceber o indivíduo em sua totalidade. Mas, afinal do que
se trata a Neuropsicopedagogia? Para Hennemann (2012, p.11) a mesma
apresenta-se:
... como
um novo campo de conhecimento que através dos conhecimentos neurocientíficos,
agregados aos conhecimentos da pedagogia e psicologia vem contribuir para os
processos de ensino-aprendizagem de indivíduos que apresentem dificuldades de
aprendizagem.
Através dos conhecimentos neuropsicopedagógicos
existe a possiblidade de entender como se processa o desenvolvimento de
aprendizagem de cada indivíduo, proporcionando-lhe melhoras nas perspectivas
educacionais e dessa forma desmistificar a ideia de que a aprendizagem não
ocorre para alguns; na verdade sempre acontecerá a aprendizagem, entretanto
para uns ela vem acompanhada de muita estimulação, atividades diferenciadas,
respeitando o ritmo de desenvolvimento do indivíduo.
Dentro desta linha de pensamento as contribuições
de Tokuhama-Espinosa (2008, apud Zaro, 2010, p. 204), podem ser consideradas de
significativa importância e utilizadas como elementos importantes nas
intervenções neuropsicopedagógicas, que são elas:
a)
Estudantes
aprendem melhor quando são altamente motivados do que quando não têm motivação;
b) stress impacta aprendizado; c) ansiedade bloqueia oportunidades de
aprendizado; d) estados depressivos podem impedir aprendizado; e) o tom de voz
de outras pessoas é rapidamente julgado no cérebro como ameaçador ou
não-ameaçador; f) as faces das pessoas são julgadas quase que instantaneamente
(i.e. intenções boas ou más); g) feedback é importante para o aprendizado; h)
emoções têm papel-chave no aprendizado; i) movimento pode potencializar as
oportunidades de aprendizado; k) nutrição impacta o aprendizado; l) sono
impacta consolidação de memória; m) estilos de aprendizado (preferencias
cognitivas) são devidas à estrutura única do cérebro de cada indivíduo; n)
diferenciação nas práticas de sala de aula são justificadas pelas diferentes
inteligências dos alunos.
Segundo as considerações acima é possível afirmar
que o ato de aprender é um ato complexo, não envolve somente a questão de
memorizar os conteúdos, é muito mais do que isso; aprender envolve emoção,
interação, alimentação, descanso, motivação entre outros.
O espaço educativo deve estar aberto para novos
profissionais que venham a somatizar a equipe multidisciplinar que atendem o
educando, por isso neuropsicopedagogos além de ter uma visão de como ocorre a
aprendizagem do educando, também possuem vistas para a metodologia de ensino do
professor, pautados nos estudos descritos acima, possuem competência para
orientar de que forma a aprendizagem pode se tornar mais significativa tanto na
metodologia do professor quanto no processo de aprendizagem do aluno.
Também, cabe aqui ressaltar, o enunciado feito por
Hennemann (2012, p.11) descrevendo as práticas neuropsicopedagógicas,
atribuídas a estes profissionais...
O grande
avanço da Neuropsicopedagogia no Brasil se deu através do Centro Sul Brasileiro
de Pesquisa e Extensão - CENSUPEG. Dentro deste contexto educacional os
profissionais da Neuropsicologia Clínica são capacitados para:
•
Compreender o papel do cérebro do ser humano em relação aos processos
neurocognitivos na aplicação de estratégias pedagógicas nos diferentes espaços
da escola, cuja eficiência científica é comprovada pela literatura, que
potencializarão o processo de aprendizagem.
•
Intervir no desenvolvimento da linguagem, neuropsicomotor, psíquico e cognitivo
do indivíduo.
• Adquirir
clareza política e pedagógica sobre as questões educacionais e capacidade de
interferir no estabelecimento de novas alternativas neuropsicopedagógicas e
encaminhamentos no processo educativo.
•
Compreender e analisar o aspecto da inclusão de forma sistêmica, abrangendo
educandos com dificuldades de aprendizagem e sujeitos em risco social.
O neuropsicopedagogo, profissional que está em
constantes buscas de conhecimentos a cerca dos transtornos, síndromes,
patologias e distúrbios a qual o indivíduo possa estar relacionado, terá ter
condições de identificar nos indivíduos tais sintomalogias, procurar
identificar quais competências e habilidades que tais indivíduos possuem, e
propor uma intervenção neuropsicopedagógica, que com certeza se fará acompanhada
junto aos familiares, professores e equipe pedagógica e demais profissionais
que se fazem presentes na vida destes indivíduos.
3.
Pesquisa neuropsicopedagógica
Como abordado anteriormente tanto a Neurociência
quanto a Neuropsicopedagogia ainda são terminologias em que o campo educacional
está presente, mas se faz necessário maior divulgação e compreensão destas
áreas. Em pesquisa feita, através de dispositivos da web, objetivando abordar
profissionais que tivessem algum conhecimento a cerca da Neurociência,
envolvendo nove questões, cinco objetivas e quatro subjetivas, procurou-se
investigar qual o entendimento que os profissionais estão tendo a cerca do
assunto. Quinze profissionais responderam ao questionário, porém, através da
análise das respostas, pode-se perceber a seriedade e o comprometimento dos
mesmos neste processo educativo.
Uma das perguntas iniciais foi a idade dos
participantes, sendo que o maior índice (figura 1) estava na faixa etária dos
41 aos 50 anos.
A segunda questão perguntando sobre sexo do
entrevistado, os profissionais femininos mostraram-se mais participativos, o
que pode ser observado no gráfico (figura 2):
A profissão que maior teve destaque na terceira
questão foi professor, porém os psicopedagogos também tiveram um número
bastante significativo (figura 3).
Na questão envolvendo o grau de instrução dos
entrevistados o que mais apareceu foram profissionais pós-graduados (figura 4).
Na quinta e última pergunta objetiva, todos
demonstraram ter conhecimento sobre Neurociências (figura 5).
Numa breve análise desta primeira etapa pode se
constatar que no universo educativo, ainda existe a predominância feminina;
contudo, também se pode afirmar que através dos dados obtidos, os profissionais
tem buscado sua qualificação continuada, pois comparando o gráfico da idade com
o gráfico do grau de instrução, pode se perceber que: os profissionais não têm
restringindo seus estudos somente na graduação, mas sim, buscando novas etapas
de estudos.
As próximas questões, pautadas na subjetividade, se
fez necessário extrair as respostas que tiveram maiores semelhanças. Portanto,
quando questionados sobre a maior contribuição que as Neurociências trouxeram
para a Educação, o que mais predominou foi a questão da aprendizagem, da
plasticidade, o entendimento dos mecanismos neurais que levam o indivíduo à
aprendizagem. Sendo assim, será feito o relato de algumas respostas que venham
a comprovar esta predominância...
“As neurociências podem contribuir muito para a
compreensão dos processos de aprendizagem e não aprendizagem dos educandos,
auxiliando o professor nas intervenções e metodologias de trabalho mais
efetivas. Agem que possibilitem atender às diferenças para educar na
diversidade”.
"Revelar a importância do conhecimento das
bases neurobiológicas da aprendizagem, objetivando a construção de práticas
pedagógicas mais consistentes e assertivas, pautadas em evidências científicas,
visando à promoção da aprendizagem.”
“Apesar, de se tratar de conhecimentos científicos
recentes, a neurociências contribui para o entendimento dos profissionais de
educação, que todos os indivíduos são capazes de se desenvolverem e que há
estratégias específicas possibilitando a plasticidade cerebral e assim
alcançando resultados positivos nos processos de aprendizagem, que também nos
apresenta novas visões em seu entendimento. Além do mais, a neurociência também
contribui nas questões referentes às políticas de inclusão, favorecendo a
socialização dos portadores de atenção diferenciada. Possibilitando
profissionais mais capacitados e atualizados nas instituições de ensino.
Objetivando a aprendizagem de todos, visando mais oportunidades de igualdade
nos bancos escolares.”
Perguntados sobre sua opinião em qual o diferencial
de um professor que tem o conhecimento de Neurociências, as repostas
mostraram-se novamente correlacionadas enfocando o aspecto do modo de
aprendizagem do aluno. Que o professor com esse conhecimento é capaz de...
“O professor com conhecimento de neurociências é
mais consciente em relação às limitações e potencialidades dos alunos e sabe
como aproveitá-las de modo positivo.”
“Ser capaz de correlacionar os objetivos de
formação educacional com os mecanismos neurobiológicos envolvidos na aquisição
de conhecimento, de forma a facilitar e persistência da informação
transmitida.”
“O professor que começa a ter conhecimento da
neurociência faz um diferencial, pois começa a perceber que é preciso “ensinar
o indivíduo a aprender a aprender, a aprender a pensar, a aprender a estudar, a
aprender a se comunicar, e não apenas reproduzir e memorizar informações, mas,
sim, desenvolver competências de resolução de problemas”. Com as informações
adquiridas sobre o funcionamento do cérebro a aprendizagem será mais eficaz."
Quando questionados sobre a Neuropsicopedagogia, os
quinze entrevistados relataram ter conhecimentos sobre a mesma, sendo que se
fará menção as seguintes contribuições:
“Já ouvi falar, mas não com uma definição formal.
Pela formação da palavra concluo que seja uma abordagem neurológica aplicada à
aprendizagem, e como essa é um processo que tem a participação de processos
psicológicos e da pedagogia envolvida no ensino-estimulação, daí explica-se o
porquê do psicopedagógico. Já vi que essa abordagem associa os conhecimentos de
neurologia com os estudos de psicologia do desenvolvimento (Piaget, Vygotsky,
Wallon).”
“É um estudo mais avançado sobre pedagogia,
psicopedagogia e neuro, na realidade é junção dos três. Já que a pedagogia
trabalha como ensinar, a psico estuda os déficits e a neuro tudo sobre cérebro
e quais soluções cabíveis a situação.”
Na última questão abordando sobre a importância de
um neuropsicopedagogo no contexto educativo, pode-se afirmar a grande maioria
elencou aspectos favoráveis à figura deste profissional, uma vez que esse tem o
entendimento das questões pedagógicas e paralelo a isso, tem o entendimento das
questões neuropsicológicas, sendo que novamente se faz destaque a algumas
colocações...
"Com base em tudo que foi falado, fica clara a
importância deste profissional no contexto educativo, pois o neuropsicopedagogo
é um profissional que oferece um grande potencial para nortear a pesquisa
educacional e futura aplicação em sala de aula se constituindo hoje, como um
grande aliado do professor, diante deste cenário tão diverso com a qual iremos
nos deparar.”
“O ideal seria tornar cada professor um
neuroeducador, mas se tiver em cada escola um neuropsicopedagogo já seria muito
bom. O ensino com essas novas descobertas provavelmente terão novas diretrizes.
Muitas pesquisas estão em andamento sobre a neuropsicologia. Temos que ter
cautela ainda sobre tudo que aparece sobre essas questões. Até chegar as
pesquisas sobre a neuropsicopedagogia (descobertas ligadas as aprendizagens do
cérebro no aprender) é preciso muita cautela.”
Todas as respostas do questionário poderão ser
visualizadas no link descrito nas referências, sendo que aqui se procurou dar
um feedback daquelas que representassem as demais e compartilhassem da mesma
estrutura escritural. Também como foi mencionado incialmente, através das
respostas obtidas se pode comprovar o envolvimento e a preocupação dos
participantes com a qualidade educativa. O que vem a ser uma das propostas da
Neuropsicopedagogia, a de proporcionar benefícios para o processo
ensino-aprendizagem.
Considerações
Finais
O contexto educativo deve estar pautado em formas
diferentes de aprendizagem, pois já é comprovado que um único método de ensino
não contempla a todos, pesquisas da área de neurociência mostram as diversas
áreas ativadas nos indivíduos nos processos de aprendizagem, porém as grandes
pesquisas giram em torno da área da linguagem, principalmente nos casos de
dislexia, porém Rotta (2006, p.18) enfatiza que:
O avanço
das neurociências, em especial da neurologia, é de suma importância para o
entendimento das funções corticais superiores envolvidos no processo da
aprendizagem. Sabe-se que o indivíduo aprende por meio de modificações
funcionais do SNC, principalmente nas áreas da linguagem, das gnosias, das
praxias, da atenção e da memória. Para que o processo de aprendizagem se
estabeleça corretamente, é necessário que as interligações entre as diversas
áreas corticais e delas com outros níveis do SNC sejam efetivas.
Normalmente observamos que todos comentam apenas as
deficiências e as dificuldades da criança, fazendo comparações com as crianças
consideradas normais. Para o trabalho neuropsicopedagógico precisamos elencar
os aspectos positivos de seu comportamento e habilidades, já que todo trabalho
se baseia no desenvolvimento dessas habilidades.
A neurociência, conforme dito anteriormente, ainda
é uma área muito nova, principalmente no contexto educativo. Muitos são os
cursos voltados a ela, mas percebe-se que no cenário educativo, as práticas
neurocientíficas ainda se mostram desconhecidas e vistas com indagações por
aqueles que as desconhecem. O conforto das práticas “conteúdistas” se contrapõe
aos princípios da neurociência, uma vez que dentro dessa abordagem o mais
importante seria a aprendizagem do educando e não ao acúmulo de conteúdos.
Por outro lado, a era da informação tem permitido
que um maior número de profissionais tivesse acesso a conhecimentos ligados a
neurociências, assim como tem surgido maior oferta de cursos de atualização,
seja em nível de extensão ou pós-graduação que facilitam o acesso à informação.
Frente a isso, ainda são poucas as pesquisas publicadas sobre o assunto
neurociência x educação e quando se une a questão neurociência à questão
Neuropsicopedagogia, mais restrito ainda se torna o assunto. A essência existe,
mas falta a coragem dos neuropsicopedagogos de mostrarem seus trabalhos, expor
suas práticas.
Também se faz interessante perceber que no contexto
educativo, não somente com a vinda da inclusão, mas também com todo modo de
vida contemporânea, outros aportes vieram consigo: são laudos médicos,
medicações diversas, dúvidas na metodologia ensino-aprendizagem. Tudo isso,
necessita de profissionais capacitados, que saibam indicar caminhos para que
cada um realmente seja visto na sua essência, na sua individualidade.
A Neuropsicopedagogia ainda é um livro com muitas
páginas em branco, sua importância já aparece bem nítida nos depoimentos
respondidos através do questionário, mas os profissionais desta área precisam
mostrar aos demais o que estão fazendo, como o estão fazendo. O livro precisa
ocupar lugar no tempo e no espaço das livrarias de nosso país.
REFERÊNCIAS:
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CENTRO SUL-BRASILEIRO DE PESQUISA, EXTENSÃO E
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FERNANDEZ, Ana C. G. Aportes de la
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Delgado em: Desmistificación de la Neuropsicopedagogía. Colômbia, ASOCOPSIP,
2010. Disponível em http://licenciadospsicologiaypedagogia.blogspot.com/2010/02/aportes-de-la-neuropsicopedagogia-la.html Acesso
em
15/07/2012.
HENNEMANN, Ana L. Neuropsicopedagogia Clínica:
Relatório de Estágio. Novo Hamburgo: CENSUPEG, 2012.
___________. Neuropsicopedagogia: novas
perspectivas para a aprendizagem. Questionário feito na web. Disponível em https://docs.google.com/spreadsheet/ccc?key=0Ajdvj5rzWfcSdDRBWTRfTU5Pcy12b25oVDk2WjBmLVE#gid=0
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HERCULANO-HOUZEL, Suzana. O cérebro nosso de
cada dia: descobertas da neurociência sobre a vida cotidiana. Rio de
Janeiro: Vieira & Lent, 2004.
GAZZANIGA, Michel S.; IVRY, Richard B.; MANGUN,
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Newra T. OHLWEILER, Lygia. RIESGO, Rudimar dos Santos . Transtorno de Aprendizagem: Abordagem Neurobiológica e Multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed, 2006.
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de Campos. Metodologia da Pesquisa. Curitiba: IESDE S. A., 2008.
VENTURA,
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Brasília: Universidade de São Paulo, 2010. Disponível online em http://www.scielo.br/pdf/ptp/v26nspe/a11v26ns.pdf
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ZARO,
Milton A…[et all]. Emergência da Neuroeducação: a hora e a vez da neurociência para agregar valor à pesquisa
educacional. Revista Eletrônica Ciências & Cognição, Vol 15, 2010.
Disponível online em http://www.cienciasecognicao.org acesso em
15.08.2012.
[1] Frenologia é o estudo da estrutura do crânio de
modo a determinar o carácter das pessoas e a sua capacidade mental. Esta
pseudociência baseia-se na falsa assunção de que as faculdades
mentais estão localizadas em "órgãos" cerebrais na superfície deste
que podem ser detectados por inspeção visual do crânio. O físico vienense
Franz-Joseph Gall (1758-1828) afirmou existirem 26 "órgãos" na
superfície do cérebro que afetam o contorno do crânio, incluindo um "órgão
da morte" presente em assassinos. Gall era advogado do principio
"use-o ou deixe-o". Os órgãos do cérebro que eram usados tornavam-se
maiores e os não usados encolhiam, fazendo o crânio subir ou descer com o
desenvolvimento do órgão. Estes altos e baixos refletiam, de acordo com Gall,
áreas especificas do cérebro que determinam as funções emocionais e
intelectuais de uma pessoa. Gall chamou a este estudo "cranioscopia."
(in:http://skepdic.com/brazil/frenologia.html)
FONTE DE TODOS ESTES TEXTOS
http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br/2012/06/neuropsicopedagogia-clinica.html
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EXAME NEUROPSICOMOTOR - LEFÈVRE
INSTRUÇOES GERAIS
- Todas as provam devem ser demonstradas pelo examinador.
- O sujeito pode fazer duas tentativas em cada prova.
- Importante verificar se o sujeito entendeu bem a prova (caso contrário, poderá ser explicada
e demonstrada várias vezes pelo examinador).
- O exame deverá ser feito sempre individualmente (não se deve examinar mais de uma
criança de cada vez). Muitas vezes é útil, principalmente para as crianças de três ou quatro
anos, ter-se uma mais dócil e colaboradora para executar as provas ante outra mais tímida
- Os sujeitos deverão ser examinados sem sapatos e sem meias (com roupas que não lhe
dificultem o. movimentos).
- Com crianças menores, o teste constará de um número de provas, que possam ser
executadas em urna única sessão, sem qualquer sacrifício.
- O exame será suspenso sempre que se note sinais de cansaço, sendo transferido para outro
dia, quando será continuado ou terminado.
MATERlAL UTILIZADO
- Envelope para esterognosia (lápis, bola de gude, borracha, pedaço de pano, caixa de fósforo).
- Cartolina de 25 X 25, com furo de 1 cm de diâmetro.
- Livro de folhas moles, mas resistentes.
- Carretel com fio de corda de 1 metro preso por urna fita adesiva.
- Carrinho preso com uma fita de 1 metro.
- Bola de 14 cm de diâmetro.
- Bola de tênis.
- Régua de 30 cm por 2,5 cm de largura.
- Dez cubos de madeira de 4X4cm.
- Caixa de lápis de cor.
- Corda de pular com madeira na ponta.
- Fita métrica.
- Cinco cartões de 10 X 10 cm com traço vertical, cruz, círculo, quadrado e losango.
PROVAS
EQUILÍBRIO ESTÁTICO
Prova no 8: Equilíbrio na posição de pé, com os pés juntos, apoio plantar, braços caídos ao
longo do corpo. Olhs. abertos. Duração: trinta segundos. O sujeito falha quando rompe o
equilíbrio a tal ponto que os pés se afastem e o sujeito se desloca. Também falha quando os
membros superiores entram em abdução, procurando manter ou restabelecer o equilíbrio.
Pequenas oscilações laterais ou antero-posteriores não são levadas em conta, bem como
movimentos moderados dos. membros superiores.
Prova no 9- A mesma técnica e a mesma avaliação da prova 8. Manda-se o sujeito fechar os olhos somente
depois que o equilíbrio com os olhos abertos estiver bem estabelecido. É normal além das leves oscilações, os
movimento oculares, e tremores palpebrais suaves.
Prova no 10 - Semelhante à prova 8. Os pés .10 mantidos juntos, porém o sujeito recebe a
ordem de se manter equilibrado na ponta dos pés. Fracassa quando rompe esta poulçlo de
equilíbrio, apoiando a planta do pé inteira no chio ou saindo da pouiçio inkial.
Prova n0 12 - Destina-se a pesquisar o equilíbrio estático utilizando um outro critério de
sensibilização. Manda-se o sujeito ficar apoiado em um pé só, deixando que ele escolha o pé
que preferir. O pé que não está no solo deve ser apenas elevado, sem fletir o joelho em ângulo,
reto. As coxas e pernas ficam à vontade, juntas ou separadas. Olhos abertos.. Duração da
prova 30 segundos. O sujeito fracassa se rompe o equilíbrio, põe o outro pé no chão, ou abdus
os membros superiores procurando restabelecer o equilíbrio.
Prova n0 16- Equilíbrio em um pé só (deixar escolher a perna preferida), a outra perna fletida
em ângulo reto, coxas paralela. levemente separadas. Olhos abertos. Duração da prova 10
segundos. O sujeito falha não apenas quando é rompido o equilíbrio sobre o pé que está
apoiado, como também quando não é mantido, de maneira bem evidente, o ângulo reto da
outra perna. São tolerados pequenos movimentos com os membros superiores.
Prova n0 20- Posição agachada. Apoio sobre a ponta dos pés. Calcanhares unidos.. Membros
superiores abduzidos mantido. em posição horizontal Olhos aberto,. Duração da prova 10
segundos.. O sujeito falha se a posição de equlíbrlo for rompida, seja caindo no chão, seja
movendo os pés de maneira que os calcanhares se separem. São permitidas oscilações dos
membros superiores, mas não se tolera que procure apoio no chão com as mãos.
Duração 10 segundos. O sujeito falha se for rompida a posição de equilíbrio, se os pés se
afastarem da posição em que foram colocados, ou se os membros superiores se abduzem
procurando restabelecer o equilíbrio.
Prova no 25- Semelhante à prova 24, com os olhos fechados. Antes do paciente fechar os
olhos, deverá estar na posição correta de olhos abertos.
Prova n0 26 - Equilibrar urna régua no dedo indicador, estendido, da mão escolhida pelo
sujeito. Posição sentada. O braço está abduzido levemente, com o antebraço fazendo um
ângulo obtuso, mão fechada com o indicador estendido, o dedo mínimo para baixo. Admite-se
a ajuda da outra mão até que a régua esteja equilibrada; depois de equilibrada inicia-se a
contagem do tempo, que é de 10 segundo.. O sujeito fracassa se a régua cai ou se é necessário
ajudar com a outra mão para manter o equilíbrio.
Prova no 66 - Descrever círculos com os dedos indicadores estando os membros superiores
abertos horizontalmente para os lados. Olhos abertos. Duração da prova: 10 segundos. O
examinador diz: Senta e ponha seus braços assim. Não deve mexer os braços ou os ombros,
mas apenas os dedo., que devem fazer círculos, assim, ao mesmo tempo com as duas mios. O
sujeito fracassa se movimentar os ombro., braços ou ante-braços, se fio fizer os círculos ao
mesmo tempo ou se os movimentos não forem contínuos por 10 segundos.
Prova no 74- Andando, enrolar a linha do carretel no dedo indicador da mão dominante. O
examinador dl o carretel com o fio enrolado, estando a ponta solta colocada na mio dominante
e diz: “Eu quero que você enrole o fio no seu dedo enquanto segura o carretel na outra mio.
Não pare de andar enquanto estiver enrolando. Fracassa se não consegue enrolar a linha no
dedo ou se o rítmo da marcha é quebrado mais de duas vezes.
Prova n0 80- Bater na mesa com o indicador da mão direita e, ao mesmo tempo, com o pé
direito no chão. A seguir, repetir os movimentos com os membros esquerdos. Posição sentada
.O examinador demonstra e explica que o ritmo pode ser escolhido à vontade. O que é
importante é que bata primeiro o indicador e o pé direito, depois os esquerdos e assim,
sucessivamente. Duração da prova 10 segundos. Fracassa se o ritmo da. batidas não se
mantém ou se a batida do dedo não corresponde à batida do pé do mesmo lado.
Prova n0 60- Copiar um losango (o examinador deve ter preparado o desenho em um cartio de
10 X 10 cm)~ A figura deve ter a forma geral de um losango com os quatro Sngulo. retos
aproximadamente, nEo se exigindo a equllateralídade.
Prova n0 75 - Repetição de rítmos. O examinador pega o lápis com uma das mãos e com a
outra segura uma cartolina que deve encobrir a mão que segura o lápis. Coloca o outro lápis na
frente do sujeito, em cima da mesa, pedindo a ele que o segure. O cotovelo do sujeito deve
estar apoiado na mesa. O examinador fala: Escuta bem como eu bato. Depois você vai fazer
como eu. Escuta bem!” Bate então, a primeira estrutura rítmica ( Vamos, bate lgual! A seguir,
o examinador bate a segunda estrutura rítmica, duas batidas com intervalo maior ( . .. .). Se os
tempos breves e longos são reproduzidos corretamente, pode-se iniciar a prova. Se o sujeito
não entender bem a prova, o examinador deve repetir a demonstração.Os Intervalos para os
tempos breves são de aproximadamente 1/4 de segundo e para os longos é de 1 segundo.
Os ritmos que devem ser reproduzidos são: 1º - ... ; 2º . .. ; 3º .... ; 4º .. .. ; 5º . . . ; 6º .. .
.
Prova n0 90 - Manda-se o sujeito fazer o movimento de marionetes com as duas mãos ao
mesmo tempo, para verificar a diadococinesia , que vai decrescendo de acordo com a idade do
sujeito .
COORDENAÇÃO TRONCO-MEMBROS
Força-se o tronco do sujeito para trás. O equilíbrio é mantido à custa de flexão do membro
inferior ao nível do joelho. O sujeito falha se rompe o equilíbrio fio realizando a flexão.
Prova n0 84- O sujeito fica deitado em decúbito dorsal, com os braços cruzados sobre o t6rax
O examinador dá a ordem: Sente-se sem descruzar os braços e sem elevar os pés do leito. Multo bem ! Agora deite-se, também sem descruzar os braços e sem levantar os pés. O sujeito fracassa se descruzar os braços procurando auxilio ou se eleva um ou os dois pés. Deve ser executada as duas provas, sentar-se e deitar-se para que a prova seja considerada satisfatória. Assim como nas demais provas, o sujeito tem direito de fazer duas tentativas.
Prova ri0 109 - Reconhecimento de direito e esquerdo é feito obedecendo a técnica habitual. O
examinador diz: ‘Mostre seu pé esquerdo. Mostre sua mão direita. Mostre seu olho esquerdo.
Mostre sua orelha direita.
Se trata de provas não verbais, pedindo a execução de gestos não habituais e sem significado particular, permitindo explorar a aquisição de elementos do esquema corporal e das praxias.
De pé, frente ao sujeito, executar diferentes gestos, primeiro simples e logo, cada vez mais complicados, pondo em jogo os braços, depois as mãos e em seguida os dedos.
As ordens serão realizadas com um só braço ou uma só das mãos e em seguida, com ambos os braços ou as mãos, em posição simétrica.
A) Gestos de Braços:1-Braços colocados em extensão, vertical e horizontal frente ao corpo
2-Flexão à altura do cotovelo e pulso produzindo diferentes ângulos
B) Gestos de Mãos: 1-Mão aberta ou punho fechado
2-Palma para cima, para baixo e orientada lateralmente
3-Apresentação vertical, horizontal e Intermediária (Inclinada)
C) Mãos e Dedos : 1- Dedos dobrados sobre a palma da mão com exceção de um ou dois
dedos
2- Mãos em contato pela extremidade de dois dedos ( Posição das mãos
simétrica e inversa)
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NEUROBIOLOGIA DOS TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE
Por: Cristina Herada (RESUMO PARA AULA DE Neurospicopedagogia)
1.Definição de personalidade:
“Uma organização dinâmica dos sistemas psicofísicos, dentro da pessoa, que determinam o padrão único de ajustamento daquele indivíduo ao ambiente”. (Gordon Alport)
O termo “psicofísico” frisa que a personalidade não é exclusivamente “mental”, nem “neural”.
desenvolve-se através da interação de disposições hereditárias e influências ambientais.
estruturalmente composta por: temperamento, caráter e inteligência
Veja a seguinte tabela resumo:
Theodore Millon:
“a personalidade consiste de modos de funcionamento psicológico arraigados, difusos, resistentes e habituais que caracterizam o estilo de um indivíduo”.
“estas características são a essência e a soma da sua personalidade, sua maneira automática de perceber, sentir, pensar e comportar-se”.
TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE:
padrão desadaptado, inflexível, refratário às modificações que o aprendizado e a experiência podem proporcionar;
prevalência na população geral varie de 11 a 23 % (10 a 15%, segundo alguns estudos);
vários perpetradores de crimes violentos ou não, assim como a maioria dos internos de penitenciárias, apresentam algum transtorno de personalidade;
Características gerais:
tendem a ter menor escolaridade,
solteiros,
toxicômanos,
desempregados
dificuldades nos relacionamentos afetivos e conjugais
Por definição, um transtorno de personalidade desenvolve-se já na infância, piora na adolescência e permanece relativamente imutável ao longo da vida do indivíduo;
constitui o seu modo habitual de ser.
Kurt Schneider: “o indivíduo sofre ou faz sofrer”.
“Sofrimento”: angústia, solidão, sensação de fracasso pessoal, dificuldades nos relacionamentos.
“Fazer sofrer”: estelionato, homicídios, estupros, etc.
SUB TIPOS DE TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE(CID 10)
F60.0 Personalidade paranóide
sensibilidade excessiva face às contrariedades
recusa de perdoar os insultos,
caráter desconfiado,
tendência a distorcer os fatos, interpretando as ações imparciais ou amigáveis dos outros como hostis ou de desprezo;
suspeitas recidivantes, injustificadas, a respeito da fidelidade sexual do esposo ou do parceiro sexual;
sentimento combativo e obstinado de seus próprios direitos.
avaliação otimizada de sua própria importância,
autoreferência excessiva,
querelante, fanática, expans. paranóide, sensit. paranóide.
F60.1 Personalidade esquizóide
retraimento dos contatos sociais, afetivos ou outros,
preferência pela fantasia,
atividades solitárias e a reserva introspectiva,
incapacidade de expressar seus sentimentos e a experimentar prazer,
Tb chamada esquizotípica,
Exclui:esquizofrenia e síndrome de Asperger
F60.2 Personalidade dissocial, antissocial, sociopática:
desprezo das obrigações sociais,
falta de empatia para com os outros,
não segue as normas sociais estabelecidas,
refratário a experiências adversas e punições,
baixa tolerância à frustração,
baixo limiar de descarga da agressividade, inclusive da violência,
tendência a culpar os outros ou a fornecer racionalizações plausíveis para explicar um comportamento que leva o sujeito a entrar em conflito com a sociedade.
F60.3 Transtorno de personalidade com instabilidade emocional
nítida tendência a agir de modo imprevisível , sem consideração pelas consequências;
humor imprevisível e caprichoso;
tendência a acessos de cólera e uma incapacidade de controlar os comportamentos impulsivos;
tendência a adotar um comportamento briguento e a entrar em conflito com os outros, particularmente quando os atos impulsivos são contrariados ou censurados.
Dois tipos podem ser distintos:
▪tipo impulsivo
▪tipo “borderline”: perturbações da autoimagem, do estabelecimento de projetos e das preferências pessoais, por uma sensação crônica de vacuidade, por relações interpessoais intensas e instáveis e por uma tendência a adotar um comportamento autodestrutivo, compreendendo tentativas de suicídio e gestos suicidas
F60.4 Personalidade histriônica
afetividade superficial e lábil,
Dramatização, teatralidade e expressão exagerada das emoções,
sugestionabilidade,
egocentrismo, autocomplacência,
falta de consideração para com o outro,
desejo permanente de ser apreciado e de ser o objeto de atenção de todos,
tendência a se sentir facilmente ferido.
F60.5 Personalidade anancástica
um sentimento de dúvida
perfeccionismo e escrupulosidade
verificações e preocupação com pormenores
Obstinação
prudência e rigidez excessivas.
O transtorno pode se acompanhar de pensamentos ou de impulsos repetitivos e intrusivos (não atingindo a gravidade de um transtorno obsessivocompulsivo).
F60.6 Personalidade ansiosa [esquiva]
sentimento de tensão e de apreensão,
insegurança e inferioridade,
desejo permanente de ser amado e aceito,
hipersensibilidade à crítica e a rejeição,
reticência a se relacionar pessoalmente,
tendência a evitar certas atividades que saiam da rotina, exagerando os perigos ou os riscos potenciais em situações banais.
F60.7 Personalidade dependente
tendência sistemática a deixar a outrem a tomada de decisões, importantes ou menores
medo de ser abandonado
percepção de si como fraco e incompetente
submissão passiva à vontade do outro (por exemplo, de pessoas mais idosas)
dificuldade de fazer face às exigências da vida cotidiana
falta de energia (alteração das funções intelectuais ou perturbação das emoções);
tendência freqüente a transferir a responsabilidade para outros.
também chamada “astênica, inadequada ou passiva”.
F60.8 Outros transtornos específicos da Personalidade: · excêntrica · imatura · NARCISISTA · passivoagressiva · psiconeurótica · tipo "haltlose“ (infundado)
FATORES NEUROBIOLÓGICOS
TEORIA BIOPSICOSSOCIAL:
Martin Teicher (2002): pacientes borderline por ele examinados, que tinham sido vítimas de maus-tratos na tenra infância desenvolvimento imperfeito do sistema límbico diminuição do tamanho das referidas estruturas subcorticais.
A anomalia era restrita ao hemisfério esquerdo, particularmente nas regiões frontal e temporal.
Esses pacientes apresentavam um traçado EEGráfico semelhante ao da epilepsia do lobo temporal = lesão do hipocampo e sobrecarga de excitação na amígdala.
Martin Driessen, na Alemanha (2001): redução de 16% no tamanho do hipocampo e de 8% no tamanho da amígdala de mulheres adultas com transtorno de personalidade borderline e uma história de abuso na infância.
Teicher: a ação devastadora do estresse sobre o hipocampo se deve a este núcleo possuir quantidade de receptores de cortisol muito maior que a maioria dos outros núcleos cerebrais.
▪Desse modo, durante um incidente traumático de natureza emocional, quando uma grande quantidade de cortisol é liberada, o hipocampo sofre a maior carga.
▪a maturação desse componente do sistema límbico é lenta, somente se completando aos 2 anos de idade se o trauma for muito precoce, suas consequências podem ser desastrosas.
A alteração da amígdala se deve ao impacto sobre seus receptores GABA (NT de ação inibitória primária), que agem normalmente sobre os processos de excitação dos neurônios, diminuindo-lhes a intensidade. A hipofunção GABA irritabilidade neuronal aumentada produzindo exagerado nível de irritabilidade, de modo que emoções primárias, em especial as de medo adquirido e condicionado, bem como as reações agressivas, eclodem com grande intensidade.
Por seu turno, estando o hipocampo com seus neurônios atrofiados, sobretudo pela ação do cortisol, perde parte de sua capacidade de recuperação das lembranças verbais e emocionais dificultando a ação do córtex (razão) sobre os estados emocionais primitivos originados da amígdala
um estímulo recebido pelo cérebro pode percorrer dois circuitos:
▪1º: agindo em nível exclusivamente subcortical (inconsciente) passa do tálamo diretamente para a amígdala e daí para a descarga emocional (ação);
▪2º: vem do tálamo e antes de chegar à amígdala, passa pelo córtex (consciente), daí tomando o caminho do hipocampo (memória), de onde prossegue para a amígdala, a partir da qual se descarrega como emoção mais atenuada, modulada pela ação racional do córtex.
TP grave (borderline e antissocial), o efeito do cortisol sobre a amígdala impede a ação inibitória GABAérgica, tornando suas células irritáveis e prontas para a descarga.
A ação desse hormônio sobre o verme cerebelar tem repercussão sobre os NT produzidos e liberados pelo tronco cerebral (dopamina e noradrenalina) prejudicando a integração entre os dois hemisférios (principalmente a atenção).
A atrofia do hipocampo prejudica a influência cortical sobre os processos emocionais.
A atrofia do hemisfério esquerdo parece ser um mecanismo defensivo, de natureza adaptativa, contra a massacrante incidência de experiências afetivas negativas percebidas pelo hemisfério direito.
Todo esse conjunto de anomalias eclosão de impulsos pertencentes a estágios evolucionários primitivos de luta e fuga, que colocam os indivíduos em situação de riscos
TEORIA BIOLÓGICA:
Hare é o principal expoente atual;
Defende a natureza congênita dos TP, particularmente do TPAS;
Análise de indivíduos frios, calculistas, assassinos seriais, etc: atrofia e/ou hipofunção de córtex pré-frontal e infraorbital.
Constata esses achados tanto em indivíduos com ou sem abuso na infância, mas com comportameno antissocial.
A psicopatia “strictu sensu” seria uma forma de adaptação evolutiva a tempos difíceis (guerra, seca, pragas, pestes, etc.) em que os comportamentos individualistas seriam mais vantajosos.
Seria uma características semelhante à anemia falciforme, que persiste em heterozigose mesmo em populações que não têm mais contato com a malária. E é mais frequente nas regiões em que ainda há malária endêmica.
Refuta o modelo anterior, considerando os seus exemplos: “personalidades pseudopsicopáticas
Você é mais metódico ou intuitivo? Entenda como seu cérebro funciona.
Rosana Faria de Freitas
Do UOL, em São Paulo
Do UOL, em São Paulo
Fonte:http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2012/07/24/descubra-se-voce-tem-mente-convergente-e-divergente-para-obter-mais-sucesso-e-qualidade-de-vida.htm
Seu pensamento é mais focado ou global? Você se considera uma pessoa metódica ou livre de regras? Estas são algumas das perguntas-chave para descobrir se tem uma mente convergente ou divergente – e, a partir daí, trabalhar suas potencialidades e dificuldades para ter mais sucesso, bem-estar e qualidade de vida. Tal teoria não é nova e foi difundida, na segunda metade do século 20 pelo psicólogo americano Joy Paul Guilford.
“Depois dela, surgiram as associações com a lateralidade cerebral, os lados esquerdo e direito do cérebro que se comunicam constantemente, têm características próprias e tudo a ver com esse estudo – já que mentes convergentes tendem a utilizar mais o hemisfério esquerdo e as divergentes, o direito”, explica Leandro Roberto Teles, neurologista formado e especializado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
A teoria não está ancorada em estudos científicos controlados e sim em investigações observacionais. Antes de se perguntar em qual extremo você se encaixa, saiba que o fundamento não serve para dividir as pessoas no grupo x ou y, pois isso seria simplista demais se considerarmos toda a complexidade e heterogenia do ser humano. “Alguns indivíduos até podem estar em um polo ou outro, mas a grande maioria se encontrará no meio do espectro, mostrando traços de pensamentos convergentes e divergentes”, salienta o médico. De qualquer forma, a doutrina ajuda na compreensão de tendências, limitações e habilidades individuais.
Pessoas de mente convergente: |
Têm um pensamento mais focado, começando da parte para o todo, sequencial e lógico. |
Chegam a respostas corretas e confiáveis, mas com pouco ineditismo. |
Em geral são perfeccionistas, organizadas e realizam uma tarefa de cada vez. |
O hemisfério esquerdo do cérebro é mais acionado e, por isso, resvalam para o pensamento cartesiano e raciocínio matemático, sempre de forma detalhista e metódica. |
Apesar de competentes, têm dificuldade de perceber o todo em um primeiro momento, são mais intransigentes e não aceitam erros. |
Colocadas fora da rotina, podem se perder um pouco. |
urioso para se definir? Então, vamos lá. Uma pessoa de mente convergente tem um pensamento mais focado, começando da parte para o todo, sequencial e lógico. Chega a respostas corretas e confiáveis, mas com pouco ineditismo. Em geral são perfeccionistas, organizadas, realizando uma tarefa de cada vez. O hemisfério esquerdo do cérebro é mais acionado e, por isso, essas pessoas resvalam para o pensamento cartesiano e raciocínio matemático, sempre de forma detalhista e metódica. Apesar de competentes, têm dificuldade de perceber o todo em um primeiro momento, são mais intransigentes e não aceitam erros. Colocadas fora da rotina, podem se perder um pouco.
Já alguém de mente divergente apresenta um pensamento global, partindo do todo para a parte, realizando associações pouco usuais e encontrando soluções criativas, nem sempre com tanta correção e competência. É um comportamento típico de pessoas desorganizadas, ansiosas e que fazem muitas coisas ao mesmo tempo. A criatividade cobra seu preço com uma taxa maior de erros. Por demandar mais o hemisfério direito, que não abriga a área da linguagem, são sensíveis, intuitivas e menos lógicas, mais transgressoras de regras e com dificuldade de cumprir rotinas. Porém, são capazes de se adaptar facilmente a mudanças e têm melhor poder de improvisação.
Pessoas de mente divergente: |
Apresentam um pensamento global. |
Vão do todo para a parte, realizando associações pouco usuais e encontrando soluções criativas, nem sempre com tanta correção e competência. |
Têm comportamento típico de pessoas desorganizadas, ansiosas e que fazem muitas coisas ao mesmo tempo. |
Erram mais, por serem mais criativas. |
Por demandarem mais o hemisfério direito, que não abriga a área da linguagem, são sensíveis, intuitivas e menos lógicas, mais transgressoras de regras e com dificuldade de cumprir rotinas. |
São capazes de se adaptar facilmente a mudanças e têm melhor poder de improvisação. |
Miscelânea bem-vinda
Se, mesmo lendo com toda a calma as características de um tipo e de outro, você ainda tem dúvida a qual pertence, considere que todos nós temos momentos de convergência e divergência. Algumas pessoas trazem uma mistura dos dois, ou oscilam entre ambos dependendo da atividade e do momento de vida. Mas, de uma maneira geral, há uma predileção individual para um dos estados. “As mulheres tendem a ser mais divergentes que os homens, assim como as crianças são seres divergentes. A escola e o trabalho por vezes valorizam muito o lado convergente, o raciocínio de senso comum, a obediência às regras sociais – fazendo com que indivíduos divergentes migrem para um padrão convergente”, reflete Leandro Teles.
Para ter certeza de que lado você está, veja as dicas do neurologista: analise sua própria vida, suas prioridades, seu dia a dia. Se prefere ambientes controlados, organizados, faz uma coisa de cada vez, com exatidão e rigor, tende à convergência. Caso se sinta melhor em locais descontraídos ou mesmo bagunçados, com poucas regras, que valorizem o pensamento criativo em detrimento da exatidão, você é mais divergente.
“Imagine a cena: um casal conversa, e você observa. Tanto o hemisfério esquerdo quanto o direito do cérebro interpretam que o rapaz e a garota continuarão juntos. Mas a explicação que encontram para isso é diversa. No esquerdo, convergente, é porque são jovens, bonitos, praticamente da mesma idade, falam olhando nos olhos um do outro e parecem felizes e apaixonados – em um raciocínio verbal, lógico e sequencial. Já o direito dirá que ficarão juntos ‘porque sim, estou com um pressentimento, eles combinam e existe uma química’ – o juízo é intuitivo.”
- Todos nós temos momentos de convergência e divergência, sendo que algumas pessoas trazem uma mistura dos dois
Trabalhe o outro hemisfério
O reconhecimento do seu lado preponderante pode ser importante em várias situações – como, por exemplo, para escolher o ramo de atuação, contratar alguém, preparar apresentações, se relacionar com os outros.
“Compreendendo melhor a si próprio, será mais fácil fazer escolhas pessoais, vocacionais ou de lazer. Além disso, pode nos motivar a desenvolver os aspectos deficitários da mente, exercitando-os para nos tornar eficientes. A pessoa se torna completa se tem capacidade de usar de maneira harmoniosa as funções dos dois lados, migrando de um para outro sem esforço, dependendo da necessidade. Isso pode e deve ser treinado.
A dica é sair da zona de conforto, fazer coisas novas, realizar as tarefas cotidianas sob novos enfoques e perspectivas.” Para um indivíduo convergente, por exemplo, é aconselhável desenvolver o lado artístico, explorar a criação, buscar soluções fora da rotina, fugir do óbvio e se permitir o erro. Vale, então, se dedicar a artes, música instrumental, atividades que exijam criatividade e jogos como quebra-cabeça.
No caso do divergente, convém realizar tarefas seriadas e isoladas, que exigem concentração e doação. Exemplos: leitura, cálculos e exercícios matemáticos, jogos de tabuleiro, sudoku e palavras cruzadas.
As profissões mais recomendadas para as mentes convergentes são as que valorizam o raciocínio linear e a rotina, como direito, engenharia, matemática, pesquisa. Para as divergentes, as que exigem criatividade, com tolerância para a transgressão de regras e erros eventuais, como decoração, moda, artes de modo geral, arquitetura, marketing, entretenimento.
Se vc tiver material (textos,slides e artigos sobre um dos asssuntos abordados neste link nos envie para que possamos compartilhar mais materiais neste site.materialpsicopedagogiando@.hotmail.com
Neurociência:
As novas rotas da educação
Fgª
Lana Bianchi e FgªVera Mietto
|
Os avanços e descobertas
na área da neurociência ligada aos processos de aprendizagem é sem dúvida, uma
revolução para o meio educacional. A Neurociência da aprendizagem é o estudo de
como o cérebro trabalha com as memórias, como elas se consolidam, como se dá o acesso
ás informações e como elas são armazenadas.
Quando
falamos e pensamos em Educação e Aprendizagem, falamos em processos
neurais, redes que estabelecem conexões e que realizam sinapses.
Mas como entendemos Aprendizagem?
Aprendizagem nada mais é
do que esse maravilhoso e complexo processo pelo qual o cérebro reage aos
estímulos do ambiente, e ativa suas sinapses (ligações entre os neurônios por
onde passam os estímulos), tornando-as mais “intensas” e velozes. A cada
estímulo, cada repetição eficaz de comportamento, torna-se consolidado, pelas
memórias de curto e longo prazo, as informações, que guardadas em regiões
apropriadas, serão resgatadas para novos aprendizados.
A
Neurociência vem-nos descortinar o que antes conhecíamos sobre o cérebro, e sua
relação com o Aprender. O cérebro, esse órgão fantástico e misterioso, é
matricial nesse processo. Suas regiões, lobos, sulcos, reentrâncias tem cada um
sua função e importância no trabalho conjunto, onde cada área necessita e
interage com o desempenho do hipocampo na consolidação de nossas memórias, com
o fluxo do sistema límbico (responsável por nossas emoções) possibilitando desvendar
os mistérios que envolvem a região pré-frontal, sede da cognição, linguagem e
escrita e compreender as vias e rotas
que norteiam a leitura e escrita (regidas inicialmente pela região visual mais
específica (parietal) que reconhece as formas visuais das letras e depois
acessa outras áreas para a codificação e decodificação dos sons
para serem efetivadas.
Faz-se mister entender os
mecanismos atencionais e comportamentais de nossas crianças padrão das
crianças TDAH e estudar suas funções executivas e sistema de comando
inibitório do lobo pré-frontal, hoje muito relevante na educação.
|
Compreender as vias e
rotas que norteiam a leitura e escrita (regidas inicialmente pela região visual
mais específica (parietal) que reconhecem as formas visuais das letras e depois
acessa outras áreas para a codificação e decodificação dos sons
para serem efetivadas.
Penetrar nos mistérios
da região temporal relacionado à percepção e identificação dos sons onde os
reconhece por completo (área temporal verbal) possibilitando a produção dos
sons para que possamos fonar as letras. Não esquecer a região occipital, que
abriga como uma de suas funções o coordenar e reconhecer os objetos, assim como
o reconhecimento da palavra escrita.
Assim, cada órgão se
conecta e interliga-se no processo, onde cada estrutura com seus neurônios
específicos e especializados desempenham um papel na base do Aprender.
Estudos na área
neurocientífica centrados no manejo do aluno em sala de aula nos esclarece que
o processo aprendizagem ocorre quando dois ou mais sistemas funcionam de forma
inter relacionada (conectada). Assim podemos entender como é valioso aliar a
música, os jogos, e movimentos em atividades escolares e ter a possibilidade de
trabalhar simultaneamente mais de um sistema: auditivo, visual e até mesmo o
sistema tátil com atividades lúdicas, esportivas, e todos os movimentos
surgindo de dentro para fora (psico-motricidade), desempenho este que leva-nos ao
Aprender
Podemos então eferir,
desta forma, que o uso de estratégias adequadas em um processo de ensino
dinâmico e prazeroso provocará conseqüentemente alterações na quantidade
e qualidade destas conexões sinápticas melhorando assim o funcionamento
cerebral, de forma positiva e permanente, com resultados satisfatórios e
eficazes.
Os games (adorados por
crianças e adolescentes) ainda em discussão no âmbito acadêmico são fantásticos
na forma de manter os alunos “plugados” e podem ser mais uma ferramenta
mediadora que possibilita estimular o raciocínio lógico, atenção, concentração,
conceitos matemáticos através de atividades como: cruzadinhas, caça-palavras e
jogos interativos que desenvolvem a ortografia, de forma desafiadora e
prazerosa para alunos.
O grande desafio dos
educadores é viabilizar uma aula que “facilite” esse disparo neural, este
gatilho, a sinapse e o funcionamento desses sistemas, sem que necessariamente o
professor tenha que saber como lidar individualmente com cada aluno. Quando
ciente da modalidade de aprendizagem do aluno, (e isso não está longe de ser
inserida na grade de formação de nossos educadores) o professor saberá quais
e melhores estratégias utilizar e certamente fará uso desse meio facilitador no
processo Ensino – Aprendizagem.
Outra descoberta é que
através de atividades prazerosas e desafiadoras o “disparo” entre as células
neurais acontece mais facilmente: as sinapses fortalecem-se e as redes neurais
são estabelecidas com mais rapidez.
(velocidade sináptica)
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Rede neural
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Mas como desencadear
isso em sala de aula? Como o professor pode ajudar nesse “fortalecimento
neural”?
Todo ensino desafiador
ministrado de forma lúdica tem esse efeito: aulas dinâmicas, divertidas, ricas
em conteúdo visual e concreto, onde o aluno não é um mero observador de o seu
próprio saber o deixam “literalmente ligado”, plugado, antenado.
O conteúdo antes
desestimulador e cansativo para o aluno é substituído por um professor com nova
roupagem que propicia novas
descobertas, novos saberes; é dinâmico e flexível, plugado em uma área
informatizada, aonde a cada momento novas informações chegam ao mundo desse
aluno. Professor e aluno interagem ativamente, criam, viabilizam possibilidades
e meios de fazer esse saber, construindo juntos a aprendizagem com todas as rotas:
auditivas, visuais, táteis e neste universo cheio de informações, faz-se a nova
Educação e um novo modelo de Aprender.
Uma aula enriquecida com
esses pré-requisitos é envolvente e dinâmica: é o saber se utilizar de possibilidades onde conhecimento
Neurocientífico e Educação caminham lado a lado.
Mas como isso é possível?
O que fazer em sala de aula?
A seguir algumas sugestões
adotadas:
(1) Estabelecer regras para que haja
um convívio harmonioso de todos em sala de aula, onde alunos sejam responsáveis
pela organização, limpeza e utilização dos materiais. Ao opinar e criar regras
e normas adotadas, eles se sentirão responsáveis pela sala e espaço
escolar.
(2) Utilizar materiais diversificados
que explorem todos os sentidos. Visual: mural, cartazes coloridos,
filmes, livros educativos; Tátil: material concreto e objeto de sucata
planejado. Há uma riqueza de sites na internet que nos disponibilizam
atividades produtivas e prazerosas. A criatividade aflora e a aula torna-se
muito divertida; Auditivo: música e bandinhas feitas com material de
sucata, sempre com o conteúdo pedagógico inserida nelas. A criação de músicas e
paródias sobre conteúdos é uma forma muito divertida de aprender. Talentos
apareceram em salas de aula. E quem não gosta de cantar? Aulas com dinâmica
treinam as memórias de curto prazo e a auditiva (elas são trabalhadas em áreas
hipocampais) e assim retidas em memória de longo prazo, efetivando o
Aprendizado!
3)O cantinho da “leitura” é um
pedaço de criar idéias, deixar o “Novo” entrar na mente, através dos signos e símbolos.
(Significados e significante)
4)Estabelecer rotinas onde possam
realizar trabalhos individuais, em dupla, em grupos (rotinas estabelecidas
reforçam comportamentos assertivos e organização). Crianças com TDAH, que
apresentam mal funcionamento das funções executivas se beneficiam com rotinas e
regras pré estabelecidas. O trabalho em equipe é relevante, ativa as regiões
límbicas (responsáveis pelas emoções) e como sabemos o aprender está ligado à emoção,
e a consolidação do conteúdo se faz de maneira mais efetiva. (hipocampo)
(5) Trabalhar o mesmo conteúdo de
várias formas possibilita aos alunos “mais lentos” oportunidades de vivenciarem
a aprendizagem de acordo com suas possibilidades neurais. Dê aos mais rápidos
atividades que reforcem ainda mais esse conteúdo, mantendo-os atentos e
concentrados para que os alunos com processos mais lentos não sejam
prejudicados com conversas e agitação do outro grupo de crianças.
A flexibilidade em sala
de aula permite uma aprendizagem mais dinâmica e melhor percebida por toda a
classe. O professor que administra bem os conflitos em sala de aula possui
“jogo de cintura” e apresenta o conteúdo com prazer, mantendo seus alunos
“plugados”, com interesse em aprender mais, movidos pela novidade: o prazer faz
uma internalização de conceitos de maneira lúdica e eficaz.
Desta forma, somos sabedores
deste mecanismo neural que impulsiona a aprendizagem, das estratégias
facilitadoras que estimulam as sinapses e consolidam o conhecimento, da magia
onde cada estrutura cerebral interliga-se para que todos os canais sejam
ativados. Como numa orquestra afinadíssima, onde a melodia sai perfeita, de
posse desses conhecimentos e descobertas, será como reger uma orquestra onde o maestro
saberá o quão precisamente estão afinados seus instrumentos e como poderá tirar
deles melodias harmoniosas e perfeitas!
A Neurociência veio para
ser grande aliada do professor na atualidade, em identificar o individuo como
ser único, pensante, atuante, que aprende de uma maneira
pessoal, única e especial. Desvendar os segredos que envolvem o cérebro no
momento do Aprender, facilita nosso professor.
Surge um novo professor
(neuroeducador), a buscar conhecimento sobre como se processam a linguagem,
memória, esquecimento, humor, sono, medo, como interagimos com esse
conhecimento e conscientemente envolvido na aprendizagem formal acadêmica. Em
posse desses novos conhecimentos é imprescindível desenvolver uma pedagogia
moderna, ativa, contemporânea, que capacite novos professores, para formar novos
alunos às exigências do aprendizado em nosso mundo globalizado, veloz, complexo
e cada vez mais exigente.
Conceitos como
neurônios, sinapses, sistemas atencionais, (que viabilizam o gerenciamento da
aprendizagem), mecanismos mnemônicos (consolidação das memórias), neurônios espelho
(que possibilitam na espécie humana progressos na comunicação e compreensão no
aprendizado), plasticidade cerebral (ou seja, o domínio de como o cérebro continua
a desenvolver-se e a sofrer mudanças) serão discutidos por neurocientístas, neuropedagogos
e família. A sala de aula será palco da ciência e neurociência, onde o educador
domina os processos do cérebro para Aprender, e assim possibilita criar
novas estratégias para Ensinar.
Através desta neurociência, os
transtornos comportamentais e de aprendizagem passam a ser vistos e
compreendidos com clareza pelos educadores, que aliados a esta novidade
educacional encontram subsídios para a elaboração de estratégias mais adequadas
a cada caso. Um professor qualificado e capacitado, com método de ensino
adequado e uma família facilitadora dessa aprendizagem são fatores para que
todo o conhecimento que a neurociência nos viabiliza seja efetivo, interagindo
com as características do cérebro de nosso aluno e do professor. Esta nova aliada
habilita o educador a ampliar suas atividades educacionais, abrindo uma nova rota
no campo do aprendizado e da transmissão do saber, cria novas faces do
Aprender, consolida o papel do educador, como um mediador e o aluno como
participante ativo do pensar e aprender.
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Vera Lucia de
Siqueira Mietto, Fonoaudióloga,
Psicopedagoga, Neuropedagoga, atuação em fonoaudiologia e neurociências em
crianças e adolescentes com Distúrbios da Aprendizagem- CFfa 3026-1979-UESA -
Rio de Janeiro- RJ e Tutora EAD do www.chafic.com.br e docente do Censupeg nos cursos de Pos
-Graduação de Neuropsicopedagogia e Psicopedagogia e da UNICEAD
de Monte Claros e Sete Lagoas-MG.
Lana Cristina de
Paula Bianchi- Fonoaudióloga,
Pedagoga, Psicopedagoga, Atuação em Neurociências em Crianças e Adultos na
FAMERP- FUNFARME- São Jose Rio Preto- SP- Especialista em linguagem no Projeto
Gato de Botas- Distúrbios de Aprendizagem; www.projetogatodebotas.org.br; CRFª: 2907- 1982- PUCC- Campinas-SP- Profª
na Disciplina de Psicologia-UNILAGO- São Jose Rio Preto-SP- Linguagem e
Cognição- 2010- Orientadora em monografias no curso de pós-graduação de
Psicopedagogia- Famerp- 2010- Campo de pesquisa: Linguagem infantil e adulto-
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Jossandra Barbosa-Graduanda em Neuropsciopedagogia Clincia/Educação Inclusiva e Docência superior |
4 comentários:
Gostaria de saber se o curso de neuropsicopedagogia capacita pedagogos para atuação em clínica como a psicopedagogia clínica. Obrigada.
Olá Jô, parabéns pelo belo trabalho! Se estiver interessada em parcerias para a efetiva divulgação e endosso do seu trabalho por favor procure-me, ok? Sei da dificuldade e da falta de reconhecimento da psicopedagogia em nosso país e mais ainda do reconhecimento como especialidade da neuropsicopedagogia, que não é reconhecida nem como formação quiçá como titulação. Sou Neuropsicóloga e talvez eu possa dar crédito e veracidade ao seu trabalho e cursos. Abraços,
Livia.
Segue meu CV lattes
Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/1665879506366648
Oi gostaria de saber se no BR tem mestrado em neuropsicopedagigia, será que pode me informar?
Olá! Gostei muito do seu trabalho. Muito conhecimento importante para quem gosta dessa área. Gostaria de saber qual a maneira legal de se exercer a profissão de neuropsicopedadogo. Obrigado.
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