AUTORA: JOSSANDRA BARBOSA
RESUMO
Este
trabalho consiste na comunicação das experiências de um grupo de estágio em Psicopedagogia
Hospitalar do curso de pós-graduação em psicopedagogia clínica, institucional e
hospitalar da Faculdade Mauricio de Nassau, na cidade de Teresina, no Estado do
Piauí, Brasil onde foi realizado o projeto “Aprender Brincando” que teve como
objetivo a revitalização da Brinquedoteca do Hospital e reflexão sobre a importância
do trabalho psicopedagógico nas instituições hospitalares. O presente trabalho
está dividido em quatro partes: introdução, a importância da Brinquedotecas
Hospitalares, a comunicação da experiência e nossas considerações finais. Pretende-se
com este trabalho apresentar as etapas do projeto assim como comunicar seus
resultados, além de contribuir com a sociedade acadêmica trazendo discussões e
referências sobre o a psicopedagogia hospitalar e incentivar futuras pesquisas
e projetos nesta área.
Palavras
- chaves: Criança. Hospital. Brinquedoteca. Psicopedagogia Hospitalar. Lúdico.
Saúde.
1 INTRODUÇÃO
A
psicopedagogia é uma área do conhecimento multidisciplinar que abrange
conhecimentos da pedagogia, psicologia, lingüística, sociologia, antropologia,
neurociência, neuropsicologia e outras áreas.
O
código de ética da Associação Brasileira de Psicopedagogia define a
psicopedagogia em seu art.1º como:
Um campo de
atuação em saúde e educação que lida com o processo de aprendizagem humana,
seus padrões normais e patológicos, considerando a influência do meio-família,
escola e sociedade no seu desenvolvimento, utilizando procedimentos próprios da
psicopedagogia. ( P. 01. 2011)
Nascida
na França, mas fundamentada na Argentina, a psicopedagogia, chegou ao Brasil na
década de 70 e fixou raízes através de psicopedagogos argentinos como Alice
Fernandez, Jorge Visca e Sara Pain.
Reconhecida
como profissão, pela lei 3512/10, no dia 05 de fevereiro de 2014, a
psicopedagogia se encontra em um processo de ascensão e reconhecimento social,
mostrando-se como uma alternativa necessária para o déficit educacional
brasileiro.
Entretanto
o campo de atuação do psicopedagogo não se limita às escolas, mas também a
empresas, clínica, ONGs, presídios, orfanatos, casas de repousos e também
hospitais, como coloca PORTO:
Como psicopedagogos, o nosso principal objeto
de estudo é aprendizagem humana e temos competência para desenvolvermos um
trabalho eficiente e eficaz também nos hospitais e na área da saúde. Já
provamos nosso exercício na clínica e nas instituições, agora vamos partir para
uma área pouco conhecida da intervenção psicopedagógica. (2010, p. 26)
A
psicopedagogia argentina teve suas origens nas instituições hospitalares, como
podemos observar nos relatos de Alice Fernandez, em entrevista a psicopedagoga
e mestre em educação Maria Teresina Carrara Lelis, na Revista de Psicopedagogia
25(78), 2008, p. 186-197 ela conta como foram seus primeiros estudos e
trabalhos em hospitais municipais da cidade de Buenos Aires juntamente com
psicopedagogos, onde este profissional tinha uma formação paramédica de cinco
anos na Universidade de El Salvador e trabalhava junto com médicos,
neurologistas, oftalmologistas dentre outros profissionais com o objetivo de
reeducação de déficit educacionais em crianças.
Entretanto,
mesmo bebendo da fonte argentina, a psicopedagogia hospitalar brasileira está
longe de ser satisfatória, pois são parcas as experiências de profissionais
incluídos nas equipes hospitalares em nosso país e concursos para os hospitais
públicos são desconhecidos e sua atuação ficou restringida durante muito tempo
a instituições escolares e clínicas privadas.
A
psicopedagogia hospitalar é uma área com imenso potencial. A falta de classes hospitalares
e de brinquedotecas nos hospitais são as principais causas para a ausência
deste profissional nas equipes multidisciplinares. Apesar de haverem leis que
obriguem a implantação de brinquedotecas e classes hospitalares no Brasil, a
realidade é diferente e pouco tem sido feito para cumprir tais leis.
Pacientes
pediátricos internados por longos períodos para tratamentos de patologias
crônicas como as Hematológicas, Imunológicas e Psicopatológicas passam por
mudanças psicológicas e sociais ao mesmo tempo, onde são retiradas do convívio
familiar, amigos e escolar de forma brusca, dessa forma necessitam de
acompanhamento psicopedagógico, para que assim possa dar continuidade
estimulação dos seus processos cognitivos, afetivos e sociais. Desta forma
concordamos com PORTO, quando ela afirma que:
A psicopedagogia hospitalar apresentar uma das novas
especializações da Psicopedagogia, que vem dar suporte e apoio de aprendizagens
e reaprendizagens ao paciente interno, humanizando e contribuindo para a
promoção da Saúde. (2010, p. 20)
E
acrescenta:
A proposta da psicopedagogia hospitalar é ser o
interlocutor, não só de crianças, mas também de todos aqueles que passam por
internações, sejam elas curtas, médias e de longas durações, doenças crônicas e
de pacientes terminais, dando o melhor de nossa atenção e técnica, mas criando
um mundo, onde as pessoas se preocupam com as outras. ( 2010, p. 22)
O
presente trabalho tem como objetivo apresentar o trabalho realizado por um dos grupos
de estágio supervisionado do curso de pós-graduação em psicopedagogia clinica
institucional e hospitalar na Unidade Integrada de Saúde do Parque Piauí em Teresina,
Estado do Piauí, assim como seus resultados. Mostrando a importância da
valorização do espaço lúdico no ambiente hospitalar e da atuação do
psicopedagogo nas brinquedotecas.
O
estágio foi realizado em sessenta horas, divido em três etapas: Visita ao
hospital, Planejamento e Levantamento Bibliográfico, Execução, Avaliação e
Apresentação dos Resultados do projeto, intitulado, “Aprender Brincando’,cujo
objetivo foi a revitalização da Brinquedoteca do Hospital.
Este
trabalho encontra-se dividido em duas etapas: A importância das Brinquedotecas
nos Hospitais e a Apresentação do trabalho e seus resultados. Ele foi
fundamentado nas obras de Olivia Porto e Ângela Cristina Maluf, sobre
psicopedagogia hospitalar e brinquedotecas respectivamente. Também foram usados
artigos e resenhas da Revista de Associação Brasileira de Psicopedagogia edição
número 78, a pesquisa de Mestrado de Mayara Barbosa S. Lima sobre as
Brinquedotecas Hospitalares de Belém, que traz além de excelente fundamentação
teórica sobre o brincar, o lúdico e as brinquedotecas, também, traz uma extensa
lista de sugestão de materiais, brinquedos e jogos para serem utilizados em Brinquedoteca
além de outros trabalhos oriundos de pesquisa digital.
Não
se pretende aqui fazer uma discussão profunda sobre a psicopedagogia hospitalar
ou sobre a função do psicopedagogo, nem sobre o funcionamento das
brinquedotecas. Pretende-se estimular novos trabalhos nesta área trazendo sugestão
de leitura e um exemplo de projeto aplicado em instituição hospitalar.
Acredita-se
que este trabalho venha ser uma referência do trabalho psicopedagógico
hospitalar no Brasil, e que ele possa contribuir para que esta vertente possa
ser reconhecida e ampliada em todos os setores públicos e privados brasileiros.
2 A
IMPORTÂNCIA DAS BRINQUEDOTECAS HOSPITALARES
A sociedade busca o hospital devido a uma enfermidade curta
ou prolongada, a fim de solucionar imediatamente a doença e o sofrimento
causado por ela. Entretanto muitas vezes há a necessidade de internação e a
rotina familiar é alterada bruscamente, surgindo à necessidade do deslocamento
da pessoa doente para o hospital e muitas vezes de um familiar, retirando-lhe
do convívio familiar, amigos e da escola, nos casos de crianças que é o foco
deste trabalho.
O
momento de internação é permeado de fatores que influenciam a recuperação do
paciente. Tais fatores são importantes e podem trazer profundas conseqüências,
mesmo depois da alta, como nos mostra LIMA:
A
hospitalização pode gerar uma série de alterações comportamentais na criança,
tais como:diminuição da vocalização,
redução de estímulos
motores, regressão no
processo de maturação
psicoafetiva, hipermotricidade, distúrbios
alimentares e do sono, comportamentos agressivos, agitação ou apatia,
choro constante, isolamento e dificuldades escolares.(2011, P. 16)
.As
restrições dos ambientes hospitalares vão além dos espaços físicos, mas
principalmente às próprias limitações decorrentes da enfermidade que causam a
ausência de estímulos e diminuição das possibilidades de exploração do meio,
podendo dessa forma comprometer o desenvolvimento da criança em caso de
patologias que exigem longos processos de internação podem ser desenvolvidos:
(...) distúrbio psiquiátrico em um dos pais ou na criança;
relacionamento pais criança inadequado; faixa etária, quanto menor a idade,
mais vulnerabilidade. (...) as crianças
que experimentam longo período
de hospitalização ou
repetidas internações correm
maior risco de
terem seu desenvolvimento comprometido elas podem desenvolver uma
doença denominada de
nanismo psicossocial, devido
à influência do hormônio do hipotálamo, a criança para de
crescer.(LIMA, 2011.p. 17)
Geralmente as crianças são resistentes aos tratamentos
hospitalares. São inúmeros soros, injeções, medicações, exames em que a criança
precisa passar enquanto se encontra no hospital o que a leva ao desejo constate
de retornar a sua rotina normal, já que durante o período que passa internada é
quase por completo deitada no leito do hospital o que a limita do convívio com
a família, escola e outros grupos sociais.
Os pais, familiares e acompanhantes também são afetados em
todo este processo que leva ao stress emocional e físico da espera pela
reabilitação da criança enferma que, junto com seus acompanhantes ficam agitados,
angustiados, nervosos e irritados com a presença ou ausência da equipe médica
nas enfermarias.
As equipes de trabalhos também são afetadas pelo stress
laboral da jornada de trabalho, da ansiedade para o restabelecimento dos seus
pacientes, ou até mesmo na perda destes. Causando, muitas vezes, dificuldades
de relacionamento entre os membros da equipe e com a família dos pacientes.
O trabalho do psicopedagogo hospitalar num espaço de
ludicidade pode ser inserido neste contexto como um mediador de conflitos entre
os agentes de trabalhos e pacientes, servindo como um agente de condução para
novas aprendizagens, proporcionando convívio social e alivio emocional.
Dentro deste espaço lúdico, que a partir de agora
chamaremos de Brinquedoteca, a criança internada terá oportunidade de dar
continuidade ao seu vínculo com a escola e com a aprendizagem.
As primeiras brinquedotecas surgiram nos Estados Unidos, na
cidade Los Angeles em 1934 com um tipo de serviço que até hoje é conhecido como
ToyLoan (empréstimos de brinquedos),
mais tarde, 1963, na Suécia começaram experiências com uso de brinquedotecas
com crianças portadoras de necessidades especiais. No Brasil a primeira
Brinquedoteca foi criada em 1973 em uma APAE na cidade de São Paulo a partir desta
experiência muitas outras se espalharam pelo país. (SILVA, 2010).
As
brinquedotecas hospitalares surgiram na Tailândia em 1909, mas somente na
década de 80 é que surgem as primeiras no Brasil (SILVA,
2010) Atualmente
é obrigatória a instalação de brinquedotecas em ambientes de saúde e educação
conforme a Lei Federal nº 11.104 de 21 de março de 2005, sancionada pelo então Presidente da República Luiz Inácio
Lula da Silva, no dia 21 de março
de 2005, que dispõe sobre a obrigatoriedade de instalação de brinquedotecas, nas
unidades de saúde que ofereçam atendimento pediátrico em regime de internação. Vejamos
o que diz esta lei:
Art. 1º Os hospitais que
oferecerem atendimento pediátrico contarão, obrigatoriamente, com
brinquedotecas nas suas dependências.
Parágrafo único – o disposto no caput deste
artigo aplica-se a qualquer unidade de saúde que ofereça atendimento pediátrico
em regime de internação.
Art. 2º Considera-se
Brinquedoteca, para os efeitos desta lei, o espaço provido de brinquedos e
jogos educativos, destinados a estimular as crianças e seus acompanhantes a
brincar.
(BRASIL, 2005, p.01-02)
Além
desta lei, foi criado o Programa Nacional de Humanização da Assistência
Hospitalar-PNHAH (Brasil, 2004), a fim de tornar o
ambiente hospitalar mais
acolhedor e aumentar a
colaboração da criança ao tratamento; minimizar os prejuízos comportamentais
causados pela hospitalização (LIMA,2011 p.22)
A
Brinquedoteca é um espaço criado para estimular a criança. É um local de
descobertas, estimulação e criatividade. De acordo com PORTO:
A Brinquedoteca surge como uma alternativa aos problemas da vida na
sociedade contemporânea, na qual a falta de espaço e de segurança restringe ou
impede o brincar feliz. Outro fator é a condição socioeconômica e, também, o
pouco contato que as crianças passam a ter com outras de sua idade na medida em
que as famílias tendem a ter um número menor de filhos. (2010, p.55)
Dessa
forma entende-se que a Brinquedoteca também seja um espaço de socialização e
seu objetivo é sempre resgatar o lúdico, proporcionar um ambiente favorável
para que a criança descubra brincadeiras, se relacione com outras crianças e
desenvolva suas potencialidades. MALUF
acrescenta dizendo que as brinquedotecas são:
Um espaço preparado para estimular a criança a brincar, possibilitando o
acesso a uma grande variedade de brinquedo dentro de um ambiente lúdico. Na
verdade seria um lugar preparado para as crianças ficarem o tempo que quiser,
pois neste local, elas brincam, inventam, expressam suas fantasias, seus
desejos, seus medos, seus sentimentos e conhecimentos construídos a partir das
experiências que vivenciam. (2012, p. 62)
As
Brinquedotecas estimulam à criatividade, a cognição, desenvolve a imaginação, a
oralidade, a socialização, a expressão e incentiva a ludicidade das mais
variadas formas, seja na busca de soluções de problemas ou pelo simples desejo
de inventar. Torna o espaço hospitalar menos impactante na esfera emocional da
criança. Também, em contato com os brinquedos e
as atividades programadas, os pacientes podem se tornar participantes ativos do
processo de reabilitação contribuindo assim, para a aceitação do tratamento e
do tempo de internação.
A Brinquedoteca no ambiente hospitalar é um recurso de estímulos
para as crianças, pois ela oferece a oportunidade da continuidade do processo
educativo e de desenvolvimento infantil, uma vez que a criança poderá explorar
um ambiente que, ao contrário do ambiente hospitalar, lhe parece familiar e
acolhedor, como afirma SILVA:
A Brinquedoteca Hospitalar
oferece para a criança alegria, estimulando sua fantasia através dos brinquedos
e do brincar, proporcionando mecanismos que fazem com que elas se sintam à
vontade em um ambiente diferente. Com propósito de atender e oferecer às
crianças um lugar favorável a sua recuperação contribui também para a formação
educacional da criança em novo conceito de atendimento hospitalar na pediatria.
(SILVA, 2010. p. 23)
Outra
importância da Brinquedoteca no ambiente hospitalar é a preparação da criança
para a alta, para a volta as suas atividades normais, ou até mesmo para aceitar
a possibilidade de sua volta ao hospital, amenizando assim possíveis traumas
que a criança pode ter de sua permanência no hospital e até mesmo a rejeição da
saída do hospital como coloca MALUF, falando sobre a criança hospitalizada:
Se a permanência foi longa alguns vínculos podem ter sido interrompidos
e ela pode precisar de ajuda para se adaptar. Até porque em certos casos, a
volta pode ser pior do que permanecer no hospital. Pode acontecer também que no
hospital ela tenha encontrado mais atenção e alimento do que em sua própria
casa. (2012, p. 66)
A
Brinquedoteca também proporcionar condições para que a família e os amigos que
vão visitar a criança encontrem-na num ambiente favorável e que não aumente a
ansiedade, angústia e sofrimento dos familiares diante da enfermidade do ente
querido.
Entendemos
que o trabalho do psicopedagogo hospitalar dentro do espaço da Brinquedoteca
Hospitalar favorece em muitos aspectos a aceitação ao tratamento, facilita a
permanência da criança hospitalizada e contribui para a continuidade do seu
processo educativo. Onde ele pode utilizar-se deste espaço para realização de
atividades pedagógicas, lúdicas e brincadeiras.
3 UMA
EXPERIÊNCIA DE BRINQUEDOTECA NO HOSPITAL DO PARQUE PIAUI NA CIDADE DE TERESINA.
O Hospital do Parque Piauí,
localizado na cidade de Teresina, no Estado do Piauí, Brasil é um hospital de
pequeno porte da rede pública municipal. Com quatro enfermarias adultas e duas
pediátricas é um dos únicos hospitais da cidade que possui uma Brinquedoteca no
estado.
O estagio hospitalar foi
realizado na instituição supracitada nos meses de novembro a dezembro de dois
mil e treze.
O projeto teve como participantes
nove alunas do curso de pós-graduação em psicopedagogia clínica, institucional
e hospitalar da Faculdade Maurício de Nassau.
O projeto teve início com visitas
ao hospital para o reconhecimento das necessidades dos pacientes, do espaço
lúdico já existente da Brinquedoteca e da realidade do trabalho psicopedagógico
na instituição. Vale ressaltar que o hospital possui uma psicopedagoga em sua
equipe ambulatorial que realiza atividades com pacientes agendados e atividades
extras como grupos de tabagismo e organização de reuniões e eventos com o corpo
profissional médico e técnico do hospital. Entretanto, a profissional não
mantém vínculo empregatício no município como psicopedagoga, sendo um
profissional cedido da secretaria educacional para a secretaria de saúde.
Após visita técnica de sondagem
no hospital a equipe de estágio concluiu que a Brinquedoteca do espaço
necessitava de uma revitalização em virtude do espaço físico estar em desuso
pela falta de brinquedos, de material pedagógico e até pela desorganização de
cadeiras e mesas que estavam amotinados em um canto. A equipe então passou para
a fase de planejamento da revitalização do espaço físico da Brinquedoteca, onde
foram realizadas leituras sobre o aporte teórico e pesquisas digitais sobre
outras experiências de Brinquedoteca Hospitalares no Brasil para referências.
A equipe encontrou como
referencia o trabalho realizado no Hospital Geral de Bragança no Pará e a tese
de mestrado de Mayara Lima onde traz uma avaliação sobre todas as Brinquedotecas
de Belém, de onde se pode ter uma consistente fundamentação teórica e
orientação sobre decoração, funcionamento e materiais. Daí organizou-se o
projeto intitulado como “Aprender Brincando” e apresentou-o a supervisão
psicopedagógica do estágio.
Após aprovação do projeto, a
equipe de estágio o colocou em prática em três fases; primeiramente o projeto
foi apresentado para a direção do hospital que ficou ciente e autorizou
mudanças no local. Também foi apresentada a direção sugestões de mudanças futuras,
como a necessidade de ampliação da Brinquedoteca, pois “a Brinquedoteca deve possuir
acústica, ventilação e iluminação adequadas,
bem como boas
condições de higienização” (LIMA,2011 p. 28) além de
contratação de profissionais específicos pois assim como coloca LIMA( 2011)
acreditamos que “somente uma equipe bem organizada e afinada em seus objetivos
conseguirá estruturar um espaço coerente”(LIMA, 2011 p. 28) e que este profissional “seja um parceiro
disponível para a brincadeira, ele deve auxiliar a criança a entender o que
está acontecendo com ela e a sua volta, e estimular os comportamentos lúdicos
da clientela;” (LIMA, 2011, p. 28).
Em seguida foi feito o processo
de revitalização do local. Foram trocadas todas as decorações, novos livros,
revistas, jogos e brinquedos foram adquiridos.
A Brinquedoteca foi organizada
levando em conta que ela é “espaço onde assegura à criança o direito de
brincar” (PORTO, 2013, p. 55). O local foi reorganizado, as prateleiras foram
redecoradas, arrumadas e etiquetadas, foram adquiridos novos brinquedos e materiais
didáticos como livros, revistas, coleções, cola, lápis, canetinhas e cadernos,
mesas, cadeiras e assentos foram organizados para que a Brinquedoteca cumpra
seu papel como mostrar GASPAR (2010) em seu trabalho sobre brinquedotecas em
ambientes hospitalares: “As brinquedotecas devem
proporcionar momentos de lazer por meio das atividades ou brinquedos de
recreação, auxiliando na recuperação, ajudando a diminuir o trauma psicológico
da internação”.(p. 3)
Os brinquedos e jogos foram
selecionados a partir da orientação de PORTO (2012, p. 56) de acordo com a
funcionabilidade, experimentabilidade, estruturabilidade e relacionalidade
classificadas no ICCP ( Classificação Internacional CouncilformChildren’s Play)
de forma que foram escolhidos brinquedos para atividades sensória motor
(brinquedos de montar) , para atividades físicas (velocípedes, bolas) atividades
simbólicas (bonecos, robôs, bonecas, panelinas, carros , etc) atividades
pedagógicas ( quebra-cabeças, jogos de regras, boliche, pega varetas, cubo
mágico e outros).
Foi confeccionado um mural de
madeira com vidros para fixação de regras e recados para os familiares das crianças
hospitalizadas, assim como informativos para que os brinquedos não fossem levados
para casa, tentando assim conscientizar da importância da manutenção da Brinquedoteca
em virtude de trabalhos anteriores já terem sido feito no mesmo local e a
ocorrência do furto dos brinquedos era constate.
Depois da revitalização do espaço
físico, a equipe fez uma campanha de conscientização e valorização da
Brinquedoteca junto à comunidade hospitalar. Foram feitos folders e
distribuídos entre pacientes, familiares, acompanhantes, visitantes e
principalmente funcionários a fim de mostra a importância do uso e conservação
da Brinquedoteca Hospitalar, fase tão necessária como nos mostra LIMA (2011)
quando diz: que “a implementação da Brinquedotecas deverá ser acompanhada de um
trabalho de divulgação e sensibilização junto à equipe hospitalar”.(p.17)
A equipe de estágio, também, reuniu-se
com os funcionários de limpeza do hospital a fim de orientar sobre lavagem,
desinfecção, limpeza e manutenção dos brinquedos e objetos. Informando-os das
regras da vigilância sanitária para assepsia e controle de bactérias e vírus no
ambiente hospitalar a fim de preservar o sistema imunológico dos freqüentadores
da Brinquedoteca, pois “os riscos dos brinquedos causarem infecção cruzada são
evidentes e que, portanto, medidas preventivas são essenciais”. (LIMA, 2001, p.
29)
Passada todas estas fases a
equipe em conjunto com outras equipes de estágio realizaram atividades pedagógicas
com crianças internadas, confirmando assim a importância da manutenção e
eficácia daquele espaço lúdico.
Por fim a equipe fez apresentação
do projeto e seus resultados no auditório do hospital com a presença da
supervisão do estágio, representantes do hospital e da coordenação da
faculdade, além das outras equipes de estágios.
Os resultados obtidos com o
projeto foram plausíveis e reconhecidos pela equipe técnica do hospital, que
reconheceu as dificuldades de manter o espaço funcionando e se comprometeu de
dar continuidade ao projeto.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Durante
muito tempo o tratamento de doenças estava relacionado apenas com exames
clínicos, remédios e outros procedimentos médicos, que visavam à cura da
enfermidade do paciente, isto porque não havia uma preocupação com o emocional,
ou seja, com o psicológico da pessoa enferma.
Demonstramos neste trabalho a importância do
trabalho psicopedagógico e da implantação da Brinquedoteca no ambiente
hospitalar, um espaço lúdico, de interação social e aprendizagem significativa
a partir da revitalização da Brinquedoteca do Hospital do Parque Piauí em
Teresina, contribuindo, assim, com
melhoria da qualidade do atendimento psicossocial do hospital assim como
melhorias na qualidade de reabilitação da criança doente, pois a mesma
transformou o aspecto triste da internação em momentos alegres, fazendo com que
as crianças aceitassem o tratamento e ficassem mais tranqüilas após a medicação
e enquanto aguardam o restabelecimento de sua saúde.
As
brinquedotecas hospitalares já implantadas no Brasil mostraram resultados
positivos e satisfatórios, onde atendimento se torna mais humanizado e menos
traumatizante na internação pediátrica, além de que elas contribuem na
recuperação e tratamento da criança hospitalizada.
Com
vários estudos desenvolvidos na área da saúde, foi observado que não só o fator
remédio contribui para a cura, mas outras ações devem ser levadas em
consideração Nesse âmbito, estudos o brincar também pode ser usado como recurso
terapêutico no processo de cura de enfermidades, pois ele
minimizar o sofrimento e potencializando a capacidade de novas aprendizagens,
além de favorecer a comunicação e interação social.
É
necessário que a gestão pública e iniciativa privada observem a necessidade da
implantação destes espaços nos ambientes hospitalares, pois é de sua
responsabilidade o oferecimento de educação integral a toda pessoa em qualquer
situação em que ela se encontre.
Leis
e decretos foram criados no Brasil a fim de assegurar as pessoas hospitalizadas
acesso a um tratamento mais humanizado que não envolva apenas os aspectos
biológicos da tradicional assistência médica à enfermidade, porque a
experiência de adoecimento e hospitalização implica mudar rotinas; separar-se
de familiares, amigos e objetos significativos; sujeitar-se a procedimentos
invasivos e dolorosos e, ainda, sofrer com a solidão e o medo da morte – uma realidade
constante nos hospitais.
É
urgente a necessidade de reorganizar a assistência hospitalar no Brasil,
priorizando o acesso ao lazer, ao convívio social, às informações sobre seu
processo de adoecimento, cuidados terapêuticos e ao exercício intelectual.
Respeitando assim as diferença e tornando o espaço hospitalar um lugar mais
humano e acolhedor para que isto aconteça, a implantação de Brinquedotecas é
imprescindível.
Acredita-se
que com a regulamentação da profissão do psicopedagogo e a criação de novas
instituições de organização da classe possam surgir novas conquistas, como
concursos públicos para hospitais, não somente para brinquedotecas, mas para
atendimentos clínicos ambulatórias para a população de baixa renda que sofre
com déficits escolares, atendimentos às enfermarias pediátricas e adultas, ou
até mesmo na gestão destas instituições que têm como objetivo assegurar o
direito a vida e a saúde de todos os cidadões brasileiros.
THE
IMPORTANCE OF WORKING WITHIN THE HOSPITAL PSICOPEDAGÓGICO INSTITUTION: THE TOY
ABSTRACT
This work consists in communicating the experiences of
a group of internship in Hospital psychoeducation course of postgraduate
clinical, institutional and hospital psychopedagogy Faculty Maurice of Nassau,
in the city of Teresina, Piauí State, Brazil where the project was conducted
"Playful Learning" which aimed at revitalizing the Toy Hospital and
reflection on the importance of psycho-pedagogical work in hospitals. This
paper is divided into four parts: introduction, the importance of Toy-Libraries
Hospital, the communication of experience and our final considerations. We
intend this work to present the stages of the project as well as communicate
their findings, and contribute to the academic society bringing discussions and
references on the the hospital psychoeducation and encourage future research
and projects in this area.
Keyword: Child. Hospital.Playroom.Hospital
Psychoeducation.Playful. Health
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